Sobre a Bienal de Quadrinhos (2018) #PostDoLeitor

E aí jovens e jovas, eu sou o Felipe, e novamente fui convidado para falar sobre eventos de quadrinhos nesse belo site. Eu já falei sobre o FIQ e sobre a última Bienal de Quadrinhos de Curitiba. E hoje vou falar sobre a edição 2018 da Bienal. Por questões práticas, decidi dividir o texto em dois, esse falando sobre o evento, e um próximo com pequenas (talvez) resenha dos quadrinhos que comprei lá.

O evento em si

Esse ano, o tema da Bienal foi “A Cidade em Quadrinhos” e o homenageado principal pelo Prêmio Cláudio Seto de Quadrinhos foi Key Imaguire Junior, arquiteto, professor de arquitetura e colecionador de quadrinhos. Além disso, praticamente todas as exposições eram voltadas para a cidade como um organismo vivo e ambiente em constante transformação. Além disso, duas semanas antes do evento, houveram intervenções artísticas nos terminais de ônibus da cidade.

Desde o tema, até as intervenções, é mais uma vez uma mostra da relevância cultural do evento para a cidade e para a cena dos quadrinhos no Brasil. Se da ultima vez, o evento parecia estar ameaçado, dessa vez o panorama foi diferente. O evento contou com boa divulgação na mídia, promoção dos principais veículos de mídia da cidade e apoio e patrocínio de grandes empresas do Estado. Parece que o medo de que o evento não se perpetue está, ao menos por enquanto, afastado.

O ambiente

Novamente, uma das melhores coisas do evento é passear entre as mesas dos artistas e ver os mais diferentes tipos de quadrinhos, com o maior numero possível de públicos alvos e temas. Conversar com autores é uma parada mágica, e muitas vezes, é o que vai te fazer comprar esse ou aquele quadrinho, seja pela simpatia do quadrinista, seja pela paixão que ele passa ao falar da obra.

Inclusive, uma das coisas que mais me alegra nesse ambiente, são as amizades que podemos fazer. Conversar com aquele quadrinista que você admira, conhecer uma obra bacana porque alguém vira pra você e fala “pode olhar, folhear”, conhecer novos talentos que você sabe que ainda vão produzir muita coisa boa.

O que tinha a melhorar, melhorou?

Na ultima edição, critiquei o espaço e a logística do evento, e dessa vez preciso dizer que melhorou muito com a criação de um grande pavilhão externo que reunia a maior parte das mesas de quadrinistas e alguns estandes. Isso melhorou muito a circulação, inclusive quando houveram reportagens ao vivo, as pessoas conseguiam andar mesmo com o repórter e aparato de câmera no meio dos corredores. Ainda assim, a critica sobre a falta de banheiros, bebedouros e dificuldade de acessibilidade para pessoas com dificuldades de locomoção permanece válida, mas isso é algo relativo ao MuMa e não ao evento (e eu realmente não consigo imaginar outro lugar em Curitiba para realizar esse evento).

O que era bom…

Na edição passada, elogiei muito o nível das mesas e palestras, porém dessa vez, eu sinto que foi o ponto fraco do evento. Quando vi a programação, confesso que senti vontade de ver poucas das palestras e mesas, e conversando com amigos e outras pessoas que sei que costumam frequentar o evento, parece que o sentimento era generalizado, ao menos no meu circulo de amigos. Se antes eu ficava em duvida de como organizar meu tempo no evento para ver o maior numero de coisas, dessa vez, passei alguns momentos ociosos sem nada que eu quisesse ver de verdade, ou assistindo palestras que eu não tinha interesse, porque era o que estava rolando. E se algumas das mesas me surpreenderam positivamente, algumas foram tenebrosas. Outro problema foi a subutilização de dois dos espaços mais bacanas do MuMa, o Cine Guarani e o Teatro Antonio Carlos Kraide que em alguns dias, só tinham duas atividades e passavam maior parte do dia fechados. Isso realmente é algo a melhorar na próxima edição.

Outra preocupação, ao menos para mim, é o calendário. O FIQ teve problemas para sua realização e passou para os anos pares, além disso, existe a CCXP em dezembro, deixando a Bienal entre uma rocha e um lugar duro, e fazendo com que várias pessoas e artistas importantes tenham que escolher não participar do evento. Esperava-se que esse calendário fosse discutido, ao menos até onde eu procurei e conversei com as pessoas, o assunto não foi tocado, o que pode ser preocupante.

Conclusão

A Bienal se consolida como um grande evento de quadrinhos, e aparentemente, sem ter que lutar pela sua sobrevivência, ainda há espaço para melhorar, porém a impressão que fica é que o evento tem evoluído constantemente, e viva aos quadrinhos.

Serviço:
Bienal de Quadrinhos de Curitiba

Quando? 06 a 09 de setembro de 2016
Onde? MuMA (Museu Municipal de Artes) – Curitiba/PR
Informações? www.bienaldequadrinhos.com.br

Felipe Amorim é professor, historiador, fã de quadrinhos e sommelier de leitura de comentários.

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