Meu nome é Giancarlo Marx e hoje eu vou falar sobre o tema Igreja Orgânica.
Quantas pessoas você conhece que já se sentiram feridas ou magoadas com a igreja? Pessoas que talvez tenham deixado a comunhão com outros irmãos, evitando assim as relações muitas vezes tóxicas que este meio lhes infligiu. Talvez você mesmo seja uma dessas pessoas, e é bem provável que hoje se sinta muito mais livre do que antes.
Vivemos dias confusos. Quando instituições religiosas se tornaram um ambiente de exploração. Se por um lado, um líder carismático conquista status, poder e dinheiro, explorando as carências e a religiosidade das pessoas. Por outro lado, essas mesmas pessoas exploram o talento e a dedicação deste líder, terceirizando a ele a mediação de suas relações com Deus.
A este tipo de relacionamento eu não ouso chamar de religião. Talvez prostituição seja o termo mais adequado. Este é o nome dado quando alguém se sujeita a uma situação que não gostaria para alcançar aquilo que deseja. É a negação da própria verdade, e da própria espiritualidade.
Como já falei aqui, a igreja de Cristo é a sua família. Um espaço de liberdade e cuidado mútuo em amor. O lugar no qual nos edificamos uns aos outros, a partir dos dons concedidos pelo Espírito Santo.
Mas como é que algo tão santo, bom e belo pode se tornar num instrumento de maldição?
Tenho identificado dois desvios que carregam a instituição religiosa (e por consequência todos nós) para esta zona cinzenta. O primeiro deles é a artificialidade.
Ao observarmos o aparente sucesso de outras igrejas somos influenciados a tentarmos nos parecer com eles. Buscarmos uma fórmula de sucesso. E tem gente ganhando muito dinheiro e poder comercializando essas “receitas de espiritualidade sadia”.
Mas é fato que uma experiência espiritual é algo que não pode ser transferido muito menos reproduzido. Jesus Cristo não nos apresentou uma mera série de liturgias, a fim de que agradássemos o Pai através de uma fria observância ritualística. Isso ficou bastante claro, por exemplo, no preâmbulo da oração do Pai Nosso:
“Ao orar, não repitam frases vazias sem parar, como fazem os gentios. Eles acham que, se repetirem as palavras várias vezes, suas orações serão respondidas. Não sejam como eles, pois seu Pai sabe exatamente do que vocês precisam antes mesmo de pedirem.“ – Mateus 6:7-8
Não existem fórmulas de sucesso. Inclusive quando os próprios discípulos acharam que haviam finalmente compreendido TUDO aquilo que Jesus lhes ensinava, e se alegraram por isso, a resposta do mestre não poderia ter sido menos animadora:
Jesus disse: “Enfim vocês creem? Mas se aproxima o tempo, e de fato já chegou, em que vocês serão espalhados; cada um seguirá seu caminho e me deixará sozinho. Mas não ficarei sozinho, porque o Pai está comigo. Eu lhes falei tudo isso para que tenham paz em mim. Aqui no mundo vocês terão aflições, mas animem-se, pois eu venci o mundo”. – João 16:31-33
Mas que belo balde de água fria, hein? Penso que uma boa paráfrase seria esta: “Vocês não entenderam nada, e não vão vencer nada. Por sinal vocês vão dar pra trás daqui poucas horas. Mas fiquem tranquilos, porque eu já venci por vocês”.
O segundo desvio, depois da artificialidade, é seu extremo oposto. A volubilidade.
Muitas vezes, movidos pelo ímpeto de vivermos uma espiritualidade mais orgânica, nos tornamos instáveis. Desordenados. Ao negamos as hierarquias de poder, renunciamos também as hierarquias de autoridade, como se fossem a mesma coisa. Mas não são.
É curioso observar como Jesus destruiu as estruturas religiosas de seu tempo, sem abrir mão de uma visão bastante clara e objetiva do que ele compreendia como missão. Diante dos discípulos impressionados com o Templo de Herodes ele foi simples e direto.
“Pois bem”, respondeu Jesus. “Destruam este templo, e em três dias eu o levantarei.” – João 2:19
Penso que nosso equívoco institucional tem sido confundir “intencionalidade” com “artificialidade”, e “organicidade” com “volubilidade”.
Ser intencional é saber onde se quer chegar. Não significa mentir para si mesmo e para os outros, simulando uma falsa espiritualidade. Ao passo que ser orgânico é desenvolver-se naturalmente. Não significa abandonar a missão como se não tivéssemos nada a ver com isso.
O fato é que precisamos ser orgânicos e ao mesmo tempo intencionais. Assim como uma planta que inclina as folhas na direção da luz, e estende suas raízes em busca de solo úmido. De mesmo modo a igreja carece de uma compreensão de seu organismo e intencionalidade.
Se você não tem encontrado isso na congregação em que frequenta (ou que deixou de frequentar) sinta-se desafiado a esta tarefa. Junte um ou dois amigos e comece a viver a espiritualidade de forma intencional e orgânica. A igreja de Cristo é um organismo vivo, do qual todos nós, que nascemos de novo, somos membros e sacerdotes. É responsabilidade minha e sua sermos sal da terra e luz do mundo.
Um forte abraço e até o próximo Ampulheta.
PARTICIPANTES:
– Giancarlo Marx
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– Duração: 07m12s
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CITADOS NO PROGRAMA:
– Mateus 6:7-8
– João 16:31-33
– João 2:19
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