O Brasil é de Jesus Part 2 ( portas abertas são sempre portas certas?)

O primeiro texto que tive a alegria de postar aqui foi bem comentado e confesso que fiquei satisfeito por ver que, depois de quase cinco anos após ter retomando minha carreira musical, depois do início da minha conversão, a maioria das pessoas entendem a proposta do que tenho feito e apoiam.

Também fico grato por aqueles que discordam e expressam sua discordância. É sempre bom ter por perto alguém que pensa diferente de você para ser seu equilíbrio e propor um debate que no fim, acrescentará para ambos os lados.

Na continuação do texto “O Brasil é de Jesus” quero propor exatamente isso. Em um dos comentários sobre esse artigo, me perguntaram se eu aceitaria tocar num evento como o Festival Promessas e se nesse caso, escrevia o que escrevi. Também foi sugerido que as ideias que expressei são de quem está com dor de cotovelo por não fazer sucesso no segmento gospel. Percebi também como se repetiu a expressão ”uma porta se abriu”. Principalmente essas últimas duas afirmações, me fizeram pensar em algumas coisas valem a pena compartilhar aqui.

Acredito que falo em nome de muitos artistas cristãos quando digo que não existe, da nossa parte, o desejo de sermos famosos no segmento gospel como são famosos os grandes ministros de louvor da atualidade. Não desejamos compor canções que sejam comercias o suficiente para tocar em rádios (que muitas vezes cobram o “jabá” para tocar essa ou aquela música) ou usar o jargão do momento em algum refrão fácil com letras de vitória e prosperidade para ser assimilado rápido pela massa ou ainda copiar as fórmulas de sucesso dos artistas internacionais, com riffs de guitarra batidos em levadas de rock and roll fajutas.(lembremos que até pouco tempo atrás o rock era considerado pela igreja como algo do Diabo e as vezes sinto saudades dessa época..)

O que nós queremos de fato é cantar a verdade que pulsa em nossos corações. Queremos falar de como é difícil viver a vida cristã. Mas também falar sobre esse amor louco que nos mantém no caminho. Isso com ou se refrão, muita ou pouca letra, fácil ou muito complexo de se entender. Fazer melodias simples ou confusas. E que se dane a mídia! Se a rádio não quiser tocar ou a gravadora não quiser gravar, gravaremos em casa mesmo e poremos na internet. Porque acreditamos que a verdade que cantamos é a mesma verdade que os ouvintes sinceros buscam. Estamos cansados de mentiras em nome de Jesus. Conhecemos a verdade e agora somos livres para vivê-la e cantá-la de nosso jeito… como cada um verdadeiramente é..

Lembro de músicas como “Faroeste Caboclo” da Legião Urbana que tem cerca de 9:36 minutos e tocava (ainda toca!) nas rádios numa época em que 3:45 minutos era o tempo limite. Penso em artistas como Lenine que não faz discos para vender na TV mas mesmo assim a mídia sempre se interessa pelo seu trabalho. Ou Chico Buarque que dispensou o convite da Globo para um especial de fim de ano ao lado de Caetano e Gil, sendo substituído por Ivete Sangalo. Imagino bandas como Hibernia, Aeroillis, Simonami ou cantores como Marco Faria, Eduardo Mano e outros tantos que são simplesmente muito bons e que talvez você nunca ouça porque não tocam na rádio ou na TV. E finalmente, imagino quantas portas abertas essas pessoas deixaram de passar porque sabiam que, ao passar por elas, estariam saindo do caminho estreito da vida cristã para a ampla estrada da glória e fama que o homem tanto almeja.

Conheço alguns artista cristãos que penso terem passado por essas portas. Artistas que no decorrer de suas carreiras, trocaram seu chamado por grandes cachês, discos sem personalidade e carreiras de sucesso segundo os padrões desse mundo. Façamos um breve exercício agora: Quantos cantores e cantoras você conhece que cantam com o mesmo sotaque que David Quinlam ou o jeito da Ana Paula Valadão ou o estilo de roupa e cabelo da rapaziada do Hillsong? se isso é ser original então alguém me explica o que é não ser porque estou boiando… ser influenciado por outro artista é diferente de ser uma xerox dele…

O grande sucesso, acredito eu, está em não se vender para se ter sucesso. Sucesso é saber que o que você faz tem alguma relevância na vida do próximo, na história de um país ou no rodar desse mundo. E quando custa isso? Qual é o valor que isso tem? Quem pode medir isso em moedas? Trintas moedas de ouro talvez? Não… não se trata de dinheiro… de fama… de reconhecimento..  mas sim, de ter discernimento na hora de escolher por qual porta passar. Pois abrir portas não é um privilégio divino.. se fosse assim ainda estaríamos nus no paraíso…

Certa vez alguém disse para entrarmos pela porta estreita pois grande e larga é a porta da perdição. Com isso, a lição que nós é posta é que portas de diferentes tamanhos estarão sempre em nosso caminho, abertas de igual forma. Compete a cada um de nós sabermos quanto o que nos custa passar por aquela que escolhermos.

Para aqueles que pensam que quanto maior a porta, maior a oportunidade, fica essa reflexão. Para os demais, sigamos juntos nessa estrada turbulenta pois sabemos que aqui teremos aflições e se passamos por elas teremos nosso caráter aprovado.. coisa que faz falta nos dias de hoje.

[box type=”comment” size=”medium”] Respondendo a pergunta do início: Se eu fosse convidado para tocar num evento como Troféu promessa eu aceitaria de muito bom grado e tocaria as minhas músicas com o maior prazer. Mas não deixaria de fazer meus comentários se o evento desse motivos para isso. Participar de um evento não é ser conivente com seus falhas. E com certeza por ser cristão, fecharia meu participação com a música “Meu Deus” e quem sabe até encenando o momento em que Jesus chega no templo e derruba as bancas dos vendilhões. Afinal se hoje se dá a Cézar o que é dele e a Deus o que é Dele, que seja pão e circo para o povo, pois o entretenimento ainda é seu doce e delirante ópio. [/box]

Posted in Artigos and tagged , , , .