Anedota da perseguição

Cidade do Cabo, 2010, congresso de Lausanne.

Numa mesa redonda qualquer, três ocidentais, provavelmente teólogos renomados no mundo inteiro, debatem sobre o trabalho missionário em países onde o cristianismo não é bem visto, é perseguido ou socialmente proibido.

Termina a mesa redonda e um negão — negão mesmo, do tipo alto e grande, daqueles que vestem roupas coloridas de algum desses países muçulmanos da África — levante e pede a palavra: Vocês vem aqui, falam em acabar a perseguição, falam em liberar o cristianismo, mas vocês nem perguntam pra nós o que nós queremos.

Um cara da organização tenta tirar o microfone da mão dele, mas com o tamanho do negão, a situação não é tão simples de resolver; com um chega pra lá ele determina sua liberdade de expressão e continua seu discurso: Vocês missionários ocidentais vem até nosso país, matriculam seus filhos numa escola internacional e não tem que ir até a escola e pedir para o professor não ensinar sobre islamismo aos seus filhos, vocês não precisam lidar com seus filhos sendo rejeitos na escola, vocês não precisam lidar com rejeição social de ser cristão num país como o meu, mas mesmo assim vocês vêm até aqui e tem a pretensão de querer tirar a perseguição de nós negando completamente que essa perseguição fortalece o nosso evangelho!

Vocês querem tirar a perseguição da gente, mas vocês não percebem que a perseguição faz bem para nossa gente!

Um mal estar toma conta do lugar, principalmente dos preletores sentados na mesa. Talvez um deles tentou emendar algo pra amaciar o discurso desse desconhecido, mas o estrago já estava feito, aquele homem denunciou o que todos os ocidentais negam, seguir a Cristo tem como consequência um estilo de vida radical que incomoda aqueles que estão a nossa volta e que exclui aqueles e imitam o nazareno. A luz ofusca qualquer um que está acostumado com a escuridão.

[box type=”info” size=”medium”]Essa história é real, quem me contou foi o Samuel que tava lá e presenciou esse discurso contagiante. Não sei se aconteceu desse jeito, mas foi assim que ela chegou até mim, e espero que, assim como mexeu comigo, esse desconhecido mexa contigo.[/box]

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