Pós-verdade é o conceito que define uma situação onde os fatos objetivos já não são fundamentais para determinar a opinião pública. As crenças e convicções pessoais tem prioridade, e as pessoas tomam como verdade aquilo que reforça ou confirma aquilo que elas elas já acreditam ser verdade.
Mas se em algum momento as pessoas eram enganadas, iludidas acreditando que aquela situação falsa era verdadeira, mais recentemente temos observado o fenômeno das mentiras convenientes. Assim, as pessoas não são mais enganadas, porque elas sabem que aquilo que acreditam é uma mentira e mesmo assim não se importam. Se a mentira é conveniente, ela serve.
Isso não é exatamente novo. Quando Jesus está diante do sinédrio sendo julgado, o texto diz “Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando um depoimento falso contra Jesus, para que pudessem condená-lo à morte” (Mateus 26:59). Eles não queriam a verdade, queriam uma mentira conveniente, que sustentasse a sentença que eles já haviam definido. Quando, no Éden, a serpente conversa com Eva, a mulher demonstrou lembrar qual havia sido a ordem de Deus, mas a mentira conveniente da serpente deu a ela um motivo para comer do fruto que lhe já lhe era atraente. E o testemunho de Eva foi só a mentira conveniente que levou Adão a comer do fruto também.
Talvez pós-verdade não seja um termo adequado porque, de fato, jamais vivemos um período de reino da verdade. Porque a Verdade encarnou, viveu entre nós, e nós a crucificamos. A Verdade se revela constantemente a nós, a preferimos voltar nossos olhos para as mentiram que atendem aos nossos próprios desejos, mesmo sabendo que eles nos levam ao sofrimento e a morte.
É a nossa condição de serem caídos, pecadores, “mas, quando vier o que é perfeito, então o que é imperfeito desaparecerá” (1Coríntios 13:10). Assim, vivemos um período de pré-Verdade, tropeçando e lutando contra nosso próprio ego, mortificando o nosso orgulho e opinião, em busca do que é Perfeito, até que sejamos com Ele e nEle, prefeitos também.
Texto por Hernani Medola.