Na trilha da maternidade #2

Em Agosto deste ano, eu e Jonatha entramos oficialmente para a estatística de casais inférteis, em que, após um ano de tentativas, ainda não conseguiram engravidar. A cada novo mês transcorrido, a sensação de dor e vazio se renova na vida de um casal que está tentando engravidar, mas para mim, mulher cristã, um sentimento de culpa cristã e fracasso acabam surgindo também.

Todo indivíduo que frequente ou tenha frequentado a igreja já ouviu ao menos uma das histórias de mulheres estéreis da Bíblia, e que após muitas orações foram atendidas por Deus. Eu, como uma pessoa que sempre desejou engravidar, sempre temi a possibilidade da infertilidade. Hoje, vivendo esta realidade, posso dizer que sim, ainda carrego parte da culpa proveniente da forma como a história dessas famílias bíblicas sempre me fora narrada.

Sobre a questão da infertilidade vista na Bíblia e como isso pode ter um aspecto negativo nas mulheres cristãs, eu busco relembrar, reforçar e manter minha fé em Cristo e no seu poder restaurador e transformador. Busco me apegar aos milagres narrados na Bíblia e aos milagres que presenciamos todos os dias em nossa sociedade, com tantas pessoas que engravidam de maneira miraculosa, depois de infrutíferas tentativas e afins.

Apesar de ser mãe para mim não ser só uma questão ligada à biologia e genética de meus futuros filhos, a frustração que sinto é algo natural para quem sonhou tanto tempo com a barriga crescendo, as sensações de gerar uma criança, sentir o cheirinho de um bebê nos braços e todo o resto. Neste momento, sei que Jonatha e eu queremos ter filhos, independente do caminho (biológico ou adotivo), por isso a adoção é o caminho que acabaremos seguindo. O vazio que há em meu peito por não ter um filho me mostra que serei capaz de amar a criança que Deus mandar para nossa vida, não importando o modo como isso venha a acontecer.

Neste momento, estamos na fila para consulta e acompanhamento na Clínica de Infertilidade do Hospital de Clínicas da UFPR, de maneira que possamos investigar e talvez tratar nossa infertilidade. Apesar disto, no momento, não estou emocionalmente disposta a passar por procedimentos como uma fertilização in-vitro, por exemplo. Não sei quando conseguiremos ser atendidos, não sei a causa de nossa infertilidade nem se haverá tratamento possível ou qual será ele. Apesar disto, sei que precisamos investigar tudo isso, para, no mínimo, colocar um ponto final na ideia de ter um filho biológico, se for esta a questão.

Sobre o processo de adoção, já sabemos qual é o primeiro passo que devemos dar aqui em São José dos Pinhais, e agora o negócio é seguir adiante. É um processo que também pode demorar muito e que trará desafios diferentes do de tentar engravidar, mas que também exigirá nossa paciência e fé.

***

Como disse no primeiro texto que fiz sobre esta questão da maternidade, além de ser um pouco terapêutico colocar para fora estas angústias, eu espero ajudar quem ler estes textos e que esteja enfrentando o mesmo problema. Nós não precisamos ter vergonha das dificuldades que enfrentamos. Cada um de nós tem uma luta, e enfrentá-la sozinho só torna tudo mais difícil.

Que Deus te abençoe.

Posted in Artigos and tagged , , , .