Quantas colheres de Sal?

sal-1Ele nos pediu pra ser sal, pra fazer a diferença, pra dar gosto ao mundo. Falou isso de várias formas e nos contou como o mundo é sem gosto, sem sal, intragável pela falta de um sabor diferenciado e como somos responsáveis por manifestar esse sabor. Ele nos disse sobre a inutilidade do sal que não cumpre seu papel de salgar, afinal sal fora da comida não serve de nada.

Se ouve sobre o sal destacando a necessidade de se fazer a diferença no mundo. No entanto o que incomoda é a necessidade de se separar do mundo, se liga santidade a distanciamento, a separação e, infelizmente, a parecer superior, quando a santidade de Cristo envolvia exatamente o oposto. Ainda mais atualmente onde o evangélico morre de medo de tocar em leprosos sociais imaginando que será contaminado ao invés de modificar a vida do indivíduo, e talvez tenham razão, talvez façam isso pois se sentem doentes demais pra ter contato.

Só que a comparação com o sal exige contato e contato direto. O Sal precisa estar na comida para temperá-la. Não podemos viver como se não fizéssemos parte de mundo, porque fazemos. Jesus pediu pra que fossemos protegidos do mal, não que vivêssemos numa eterna fuga da realidade e, pior, das pessoas que são nosso próximo e do mundo que necessitamos salvar do mal.

Há uma preocupação constante e assustadora com “não se parecer com o mundo” quando na verdade nossa preocupação deveria ser em temperá-lo com nosso sabor de Cristo. É como se fosse mais importante que o saleiro não tivesse as cores da comida do que propriamente que ele fosse capaz de dar o tempero!

O sal precisa praticamente ser parte da comida para temperá-la. Você não vê o sal lá, aliás se visse haveria algo de errado, você sente o sal temperando tudo que come e tudo fica mais delicioso e agradável com o sal.

Isso significa que além de termos cuidado pra não nos tornamos um sal insosso e inútil, o sal também tem uma medida certa pra ser eficaz sem ser nocivo.

Apesar de achar exagero a defesa de que existe uma “cristofobia”, ou um discurso anticristão no Brasil, hoje ser evangélico causa uma certa resistência em alguns momentos e, só pra lembrar, o “odiados sereis por todas as nações” era pelo nome de Cristo, não por fazer um discurso de ódio ao próximo, separatista e segregacionista. Hoje, se eu chego perto de um gay ou de alguém das religiões afrobrasileiras tenho que chegar com cuidado e carinho, já com “ sou cristã, porém não aprovo isso e aquilo do movimento evangélico”, pois eles já estão na defensiva de tanta pancada que levam, às vezes até literalmente. E, por favor, sem “nem todo evangélico”, porque temos que ser autocríticos: temos uma identidade reconhecida e ela é de um sal que sobrepõe a comida. Isso precisa mudar, precisamos ser aqueles reconhecidos como necessários para um mundo mais justo, como agentes do Reino de Deus.

Os cristãos, como o sal, precisam se dissolver, desaparecer. Isso não significa sumir completamente, pois aí seria como se não houvesse sal na comida, mas também não se pode salgar demais pois senão a comida fica intragável. Os cristãos, principalmente os evangélicos, nunca aprenderam muito bem a boa medida: que é dar gosto, salgar, mas sem precisar que ninguém lembre-se do sal (seja por sua ausência ou por sua presença). Ninguém quer lembrar do sal ao comer uma comida. É uma presença invisível que uma vez dissolvida não se separa mais. (Marcelo Carahyba)

É viver plena e efetivamente na imitação de Cristo, no dia a dia, na vida, no convívio, sem necessidade de alarde, mas com ardor. Se dissolver de forma que seu ser cristão seja notado pela diferença que faz e não pela forma como se apresenta.

 

Vós sois o sal da terra Mt 5:13ª
Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros. João 13:35  

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