O Cristão e a Balada

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Muitos dizem que cristão não pode ir numa balada “mundana” (detesto esse adjetivo). Será que não pode mesmo? Escrevi esse texto em 2007, por isso vocês vão ver menções ao Orkut, mas creio que muitos ainda hoje têm essa dúvida, dado o fato de que a Igreja Cristã brasileira ainda guarda muitos rincões legalistas onde o questionamento de respostas prontas, se realmente são bíblicas, são desestimulados ou até mesmo proibidos.

Confesso que não sou baladeiro, nem gosto desses ambientes “playboyzinhos”, gosto mais é de show mesmo, fora que não tenho muita saúde para isso mais, porém não posso interpretar as escrituras conforme meu gosto pessoal ou limitações dar respostas conforme minha realidade ou gosto pessoal.

O que acontece numa balada? Se é tão ruim assim, por que surgem tantas baladas “gospel” (crentes e católicas)?
Será certo isso tudo? O que a Bíblia realmente diz a respeito?
Lí um depoimento no orkut e fui autorizado a publicá-lo aqui no meu blog pelo seu autor, identificado como “Charada”. Ele descreve perfeitamente o que acontece geralmente em baladas e dá uma opinião muito coerente sobre essas questões acima. Depois eu faço meu comentário. Enjoy:

“Tudo é um lance de sedução, existem pessoas que nem fumam, mas, quando vão para a balada, colocam um cigarrinho na boca, achando que aumenta o charme.
Sem contar a competição entre as mulheres; isso antes da balada que já te viram e já escolheram se vai ficar com o do Golf, do Xsara ou o do Audi. Em meio ao som eletrônico ou um Black americano, uma garrafa de smirnoff e levantada, uma descida sensual com o corpo e um olhar fulminante é o que elas fazem. Sem contar as estratégias boladas no banheiro com suas amigas: “Ai miga, agora eu cato ele”

Os homens nao ficam por menos, cheio de pose, querem fazer média para mostrar que tem dinheiro tomando garrafas e mais garrafas de Red label, com corpo malhado e com camisetinhas regata e corrente de 4kg de prata, maioria das vezes aço cirurgico, usando Nike shox de todas as cores, com calça da Diesel ou Doc Dog fumando Gudan.

Agora os crentes querem frequentar o mesmo ambiente que essas pessoas e querem achar tudo normal. Esquece! Balela…
Fazer uma filial, para não perder fieis… em vão… não dá para comparar. Os pastores de plantão colocam medo em submissos fieis que acham que viver as coisas do mundo é pecado, e às vezes imperdoável; pois, se as ovelhas nao ouvirem o pastor, a igrejinha não cresce. Por isso esse pânico que colocam sobre as coisas do mundo. Acabam interferindo no livre-arbítrio (livre agência) de cada um e moldando suas mentes de acordo com seus ideais, usando o Santo nome de Cristo.

Pecado não é nada mais do que errar o alvo, e o que é o alvo???Jesus – pois ele é o caminho a verdade e a vida, se seguir os preceitos dele, não há o que temer, isso está explicito:
“Quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada??? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues a morte todos os dias; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou.” Rom 8;35-37(Descrição de balada feita por Charada na comu “Jesus e Meus Vinte e Poucos Anos” do orkut.)

Eu às vezes canto numa banda secular e tenho que ir em baladas sempre (mas eu deteeeeesto baladas, só vou porque amo a arte que faço); mas Cristo está em nós 24 horas por dia, não temos que nos vestir com “capa de crente”.. Sou o que sou em tudo quanto é canto, com defeitos e qualidades…

Cristo resplandece em mim; ou melhor, apesar de mim, em qualquer lugar que eu vá. Por isso, penso que essas capas para nos “passarmos por santinhos” nos lugares seculares são uma baita hipocrisia, pois já somos santificados em Cristo…

Eu lembro quando eu fazia vários shows na igreja onde eu era líder de um ministério, antes da que estou agora, era muito legal e faziamos as coisas sem ficar preocupados em sermos “iguais” a nada, nem a ninguém, faziamos as coisas com toda a liberdade artística que Deus nos deu e até hoje não comparei se foram iguais, melhores ou piores aos shows seculares que já fui, pois para mim show é show, arte é arte… cristã ou não, é só segmentação..

Não são letras ou bandas que convertem, o Espírito Santo converte, se montamos uma banda cristã, é para expressar nossa gratidão pelo que Deus fez, faz e pode fazer, se Ele quiser, para quem O busca, e comunicar valores cristãos tão maravilhosos que foram esquecidos pela nossa sociedade pós-moderna…

Mas minha área de atuação é o heavy metal, são pessoas que dificilmente fazem essa diferenciação musical de “gospel”, cristão, satânico e coisas assim (salvo alguns grupos e tribos do estilo), pois música e balada não passam de entretenimento, nossos valores sociais e espirituais são determinados por diversos fatores, não por esses fatores de entretenimento isoladamente, como dizem os pastores mais “legalistas”…

Temos que parar de querer comparar as coisas… Os evangélicos fazem “baladas” nos moldes das seculares, ficam preocupados em agradar a quem, afinal de contas? Deus? Acho que não…

Nada contra o cristão ir em baladas seculares, mas não precisamos imitar os seculares, nem fazer as mesmas coisas…
Eu penso que se é para fazer uma “balada gospel”, não deve rolar essa preocupação de ser igual ou melhor que os seculares.. Acho que a comparação dos que organizam esse tipo de evento é infeliz.. Podemos fazer nossas festas com muito mais e melhor conteúdo e alegria que as baladas seculares (eu realmente não gosto de balada.. hehe)

A intenção de público de balada, numa boa parte dos casos, é afirmar um status sobre o grupinho de amigos ou amigas, ou pretender afirmar… Muitos vão numa balada para se afirmar através do ter, e não do ser, o que não é nada cristão e é infeliz tentar trazer isso para o nosso meio (se bem que o valor de se ter como sendo mais importante que o ser já reina triunfante sobre o meio evangélico atual). Se você vai numa balada para isso, para afirmar status, para encher a cara, para “pegar” uma pessoa, então, amigão, você está pecando. Melhor parar e se arrepender. Mas há aqueles que vão numa balada só p/ dançar mesmo, só p/ curtir o som…

Como cristãos, temos todo o direito ao entretenimento (saudável) e não devemos nos furtar disso… Quem gosta de ir em baladas, isso pode ser algo saudável.. Você trabalha a semana inteira, tem seu papel na igreja local, tem seu papel na família.. Você precisa de um “saída da rotina”, de uma diversão… E cada um se diverte como acha divertido, hehe… Deus não proíbe a diversão, o entretenimento, as festas.. Uma balada equivale a uma “festa” e de festa Israel conhecia muito bem, pois até ordem de fazer festa o povo judeu recebeu (Deus não mandou fazer balada, não é o que estou dizendo, antes que algum “analfabeto funcional” diga que estou afirmando isso), ou seja, Deus não é contra o divertimento, a dança, a alegria. Dentro dos limites saudáveis, sem pecado, as festas não religiosas também não são proibidas. Jesus mesmo foi em festa de casamento, que não era uma festa religiosa, mas uma celebração após um evento religioso. Enfim, há sim liberdade para a diversão secular, desde que sem pecado, e não podemos permitir que nos prendam em jugo além do que Deus nos dá:

Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que é que vocês, então, como se ainda pertencessem a ele, se submetem a regras:
“Não manuseie! ” “Não prove! ” “Não toque! “?
Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos.
Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne.
Colossenses 2:20-23

O “gospel” trouxe as baladas, os shows, o entretenimento para a Igreja, e acho isso legal, só discordo quando o culto a Deus perde espaço para o entretenimento, ou quando heresias neopentecostais são disseminadas nesses eventos; mas quando cada coisa fica no seu devido lugar, é muito bom proporcionar um divertimento num contexto “evangélico”.

Enfim, Entretenimento evangélico é legal, mas tentar “encaixá-lo” aos padrões seculares, imitar, ou ao menos comparar um segmento com outro é infeliz e torna as baladas “gospel” muito chatas..  É a mesma coisa que tentar fazer um show para o público metal nos moldes de um show de forró.. Fica horível! Um segmento nada tem a ver com outro.. Talvez um cara lá, sei lá, curte forró e metal, mas ele tá indo num show de metal e quer ver um ambiente escuro, o pessoal de roupa preta agitando, batendo cabeça.. etc.. Ele não foi lá p/ ver dançarinas em trajes sumários dançando ao som do “cãozinho dos teclados atmosféricos vampíricos”, haha…

O cristianismo nos dá essa liberdade de freqüentarmos os lugares onde achamos melhor, e Cristo nos acompanhará onde quer que formos. Por isso é bom frequentar lugares onde Ele se sinta bem, onde não façamos coisas que O desagradem. Se vamos à uma balada secular, então aproveitemos o máximo que o evento pode nos proporcionar, com santidade. Ou é bom nem ir nesses lugares, mude os hábitos. Ele vale o esforço. Quem é cristão firme, não tem o que se preocupar, como disse o charada, pois nossos hábitos, nossa natureza não nos permitirão irmos além daquilo a que estamos acostumados. Se estamos acostumados a viver uma vida casta, viver o cristianismo, seremos cristãos aonde quer que estejamos. Não devemos nos furtar de nossa liberdade por causa do medo de alguns líderes.

Lembrando do que diz a Escritura:

Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne..
Gálatas 5:13

Sola Scriptura.

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