“Pois é dona Natureza é engraçado ver seu brotinho quebrando o asfalto, a raiz da árvore estragando a calçada, chuvas levando casas abaixo, ondas destruindo prédios inabaláveis.
”Não sei, as vezes parece que você está se vingando, parece que você está gritando: parem de me afogar e me deixem respirar!”
“Bem, na verdade eu não grito nem chamo atenção pra nada, simplesmente sigo meu próprio fluxo. Não é como se vocês pudessem me impedir, como se vocês tivessem algum controle sobre mim. Eu funciono do mesmo jeito desde que comecei a existir, a diferença é que antes vocês, homens, me respeitavam e tomavam suas decisões junto comigo e não acordo com suas vontades.
”De quando em quando minha Mãe interfere em mim e impede que algo aconteça, mas essas são raras exceções.”
“Mas dona natureza, como podemos viver de bem contigo?”
“Você já sabe a resposta dessa pergunta. A resposta está no seu falso progresso. Vocês precisam de tanto asfalto, de todo esse concreto, tudo precisa estar calçado? Meu caro, tem grama e árvores na sua casa?”
“Não, moro num prédio. Quando me mudei pra lá tinha um belo bosque onde eu ia ler e conversar com os vizinhos. Depois de um tempo não-sei-quem achou que o bosque dava muita sujeira e que seu custo de manutenção era muito alto… Uma pena, gostava daquele lugar, devia ter me mexido pra manter ele vivo…”
“Pois é, vocês ficam enfurnados num mesmo lugar, não conhecem seus vizinhos e destroem os locais onde vocês costumavam se encontrar!
“Meu caro, você não percebe? Não quero o mal para vocês, nem quero chamar a atenção para mim, só estou tentando lembrar vocês que eu existo, e que sou importante.
”E importante não por mim, mas por vocês, para vocês, porque foi assim que nossa Mãe quis!”
A imagem desse post é um quadro que retrata um dos jardins do pintor impressionista francês Claude Monet