Pressão positiva é a condição em que um ambiente com maior pressão acaba por expandir e preencher um ambiente de menor pressão. Quando enchemos um balão, a pressão dos nossos pulmões é positiva, e acabamos por encher o balão de ar, onde a pressão era menor.

Mas, ao enchermos um balão, sabemos que ele tem um limite. Se ultrapassarmos a quantidade de pressão que ele suporta, ele estoura.

O filósofo Byung-Chul Han diz que um grande problema da nossa sociedade contemporânea é o excesso de positividade. Nosso ambiente é excessivamente positivo e nos preenche para além do que suportamos. A questão é que, diferente dos balões, nossos limites não são tão evidentes. E nós também “estouramos”, só que de maneira diferente.

Nossa explosão pode ser física, emocional, espiritual… pode ser raiva, tristeza, cansaço, desânimo doentios. Gente que não foi sugada, pelo contrário, foi entupida: de informações, de sucesso, de atividades, de riquezas… sempre mais, mais, mais…

Curioso perceber que a boa notícia do evangelho é o oposto dessa positividade. É uma pressão negativa, que não preenche, mas esvazia. “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso”; “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me”; “Mais bem-aventurado é dar que receber”; “O que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida verdadeira?”; “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres”. Em contraste com o acúmulo (seja lá do que for) proposto pela sociedade moderna, a sabedoria bíblica diz que seremos felizes, que seremos completos, nos contentando com menos.

Talvez a célebre frase atribuída a Freud “todo excesso revela uma falta” possa ser lida também como “algumas faltas escondem um excesso”. Talvez nossa frustração seja fruto do excesso que desejamos e, lamentavelmente, conquistamos.

Texto por Hernani Medola.