morte em abundância

“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” Essa é a contraposição que Jesus Cristo faz entre si e o “ladrão”, que vem para matar, roubar e destruir. Vida abundante — ou seja, vida que transborda, sobra, irradia, espalha. Uma vida que não se contenta, nem se contém.

Ao sermos tocados pela vida do Cristo, nascemos para uma nova natureza. Tomamos pé de uma nova realidade, uma outra possibilidade de ser e existir em algo muito, muito maior do que pedimos ou pensamos.

O toque de Jesus sempre gera vida, sempre gera cura. Gente morta, gente doente, gente impura, gente quebrada que, ao ser tocada ou ao tocar o Cristo, sai transbordando vida. Em nenhuma ocasião descrita nos Evangelhos, aqueles que foram tocados e se deixaram tocar por Jesus saíram cheios de morte, muito menos geraram morte ao seu redor.

“O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.” (João 15:12-14)

Nós não somos os que celebram a morte; somos os que defendem a vida. Não somos os que promovem a morte, mas os que, ao exemplo de Cristo, doam sua própria vida por amor a todos, indistintamente. E não importa se usa o nome de cristão, se parece cristão ou pertence a uma facção cristã: todos que, de qualquer forma, discursam a favor da morte não estão abundantes de vida e, pior ainda, instrumentalizam o nome de Cristo para legitimar sua própria corrupção e violência.

A repreensão de Jesus a Pedro, quando o discípulo corta a orelha do soldado, ecoa em cada impulso violento que nos atrai à corrupção da vida que nasceu em nós. “Todos os que empunham a espada morrerão pela espada”. Se nosso toque gera morte e não vida, se nossas palavras brotam amargas e não doces, se nossa justiça não excede — e muito — à dos fariseus, precisamos trilhar o caminho da conversão, reencontrar a fonte da vida.

Texto por Hernani Medola.

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