 Em “A Cadeira de Prata”, 4º livro das Crônicas de Nárnia, o príncipe Rilian, herdeiro do trono de Nárnia, é enfeitiçado e sequestrado pela mesma bruxa que havia matado sua mãe.
Em “A Cadeira de Prata”, 4º livro das Crônicas de Nárnia, o príncipe Rilian, herdeiro do trono de Nárnia, é enfeitiçado e sequestrado pela mesma bruxa que havia matado sua mãe.
Rilian perde sua identidade e se torna servo fiel da bruxa. Mas, uma vez por dia, por um breve período, ele precisa ser amarrado a uma cadeira de prata, pois, nesse momento, ele retoma a consciência, lembra quem realmente é, mas não pode abandonar a bruxa e voltar a Nárnia, porque está preso à mesma cadeira que contém o feitiço que o aprisiona no restante do tempo.
Sua liberdade, o retorno à sua identidade, depende não apenas de se desamarrar da cadeira, mas também de destruí-la.
A Igreja brasileira, herdeira em Cristo do Reino dos Céus, também foi enfeitiçada e sequestrada pela mesma bruxa que matou Jesus: a aliança entre religião e Estado. Ela também se tornou fiel escudeira dos religiosos e políticos que a aprisionam. Perdeu sua identidade e não é mais o sal da terra e a luz do mundo. Agora, ela é “conservadora”, “de direita”.
E, mesmo nos momentos em que surgem pontos de retorno, quando o absurdo da realidade revela o erro e a necessidade de retornar às origens, a Igreja institucional está tão amarrada, tão presa aos compromissos de sua cadeira de prata, que não tem força, ou vontade, para se libertar.
E o mundo vai se desfazendo, tornando-se cada vez mais sombrio, insípido, não porque a Igreja desapareceu, mas porque foi enfeitiçada pelo poder. Ela está presa ao poder do trono, não à vontade do Rei.
Mas Deus enviará profetas. Deus enviará crianças.
Texto por Hernani Medola.
