De Volta ao Baile | Ampulheta 61

Meu nome é Giancarlo Marx e hoje eu vou falar sobre o tema “De Volta ao Baile”.

Nos últimos dois episódios eu falei aqui sobre a dança divina, em que o nosso Deus coletivo, nas pessoas do Pai, Filho e Espírito Santo, participam em sintonia perfeita. Também falei sobre o momento sublime em que a coletividade divina semeou uma nova unidade plural, feita para dançar: a Humanidade. Mas, uma vez criada e convocada para participar da dança divina, a humanidade se indispôs. Quis fazer seu próprio solo. Rompeu com Deus e consigo mesma. O homem se tornou um ser egoísta, solitário e desgraçado.

Nem mesmo os discípulos de Jesus escaparam ilesos desta quebra.

Você se lembra do pedido dos filhos de Zebedeu, Tiago e João? Eles queriam ser reconhecidos por sua importância no ministério de Jesus e ansiavam por uma posição de destaque em seu Reino vindouro. Então solicitaram sentar-se ao lado do Messias em seu Reino.

Vale lembrar que, na mentalidade desses homens, o governo do Messias seria um governo terreno. Eles criam que Jesus ocuparia o palácio de Herodes e libertaria os judeus da opressão romana (e de quem mais estivesse pelo caminho). Ele seria um líder militar e eles eram seus fiéis escudeiros. Nada mais justo que tomarem assento na sua corte real!

O pedido fazia todo sentido e por isso é bem provável que todos os 12 discípulos tivessem esta mesma ambição, por isso os outros 10 ficaram indignados com a ousadia dos Filhos do Trovão. Afinal, eles tomaram iniciativa antes de todo mundo e talvez até conseguissem o que intentavam, furando a fila dos demais. Acontece que Jesus, como o mestre excepcional que foi e é, aproveitou do gancho para frustrar as expectativas de todos. Ali ele sinalizou que a pirâmide social de seu Reino não carregaria os mesmos padrões hierárquicos com os quais os discípulos já estavam habituados a se relacionarem

Então Jesus os reuniu e disse: “Vocês sabem que os que são considerados líderes neste mundo têm poder sobre o povo, e que os oficiais exercem sua autoridade sobre os súditos. Entre vocês, porém, será diferente. Quem quiser ser o líder entre vocês, que seja servo, e quem quiser ser o primeiro entre vocês, que se torne escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos”. – Marcos 10:42-45

Mas que tremendo balde de água fria! Quer dizer então que o próprio Messias não estava ali para ser paparicado por seus súditos, mas para agir como um escravo?

Há um erro muito comum na leitura desse texto, que é o de imaginar que Jesus está propondo um preço para o reconhecimento. Ou seja, se eu quero ser o maior, preciso submeter-me e pagar o “pedágio”, suportando por algum tempo o trabalho duro de ser o servo dos demais. Mas não é isso que o texto indica. Na lógica de Jesus, servir é sinônimo de liderar.

No Reino de Deus ninguém deveria apenas servir para ser reconhecido como líder. Mas sim liderar servindo, assim como o próprio Jesus fez. E olha que o exemplo dele é extremo, ele ofereceu a sua vida em resgate de muitos. Esta talvez seja a explicação mais perfeita do que Pedro parece sinalizar ao afirmar que a Igreja é um templo feito de pedras vivas:

E vocês também são pedras vivas, com as quais um templo espiritual é edificado. Além disso, são sacerdotes santos. Por meio de Jesus Cristo, oferecem sacrifícios espirituais que agradam a Deus. – 1 Pedro 2:5

Veja como esta metáfora é poderosa. Diversas passagens bíblicas dão conta de que Deus não habita em templos construídos por meio da habilidade humana em empilhar matéria morta, como pedras e tijolos (Atos 17:24, 1 Reis 8:27, 2 Crônicas 6:18, Isaías 66:1), porém Pedro aqui vai afirmar que o lugar da habitação divina é exatamente o lugar da relação humana. Os seres humanos são pedras vivas, que quando estão juntos formam uma casa espiritual, onde oferecem não mais bois e ovelhas mas sim sacrifícios espirituais. E desses Deus se agrada.

Que sacrifícios são esses se não a própria renúncia de si? O que oferecemos por meio de Jesus Cristo é exatamente compreensão profunda de que Deus habita na minha relação com o outro, não no mérito das minhas realizações como indivíduo.

Não sei se você já tinha pensado nesses termos, mas o evangelho é a boa notícia de que Deus está restaurando a sua santa coreografia. Somos convidados então a reaprender os passos de Jesus, a partir dos quais nos tornamos novamente uma unidade plural. Coletiva, pulsante, ritmada e acima de tudo generosa.

Vou ficando por aqui. Um forte abraço, vai treinando aí o “dois pra lá e dois pra cá”, que no mês que vem nos encontramos novamente se Deus assim permitir.

Um forte abraço e até lá.

PARTICIPANTES:
– Giancarlo Marx

COISAS ÚTEIS:
– Duração: 7m11s
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Todos os “Ampulheta”

CITADOS NO PROGRAMA:
Podcast “Um Deus Que Dança | Ampulheta 59”
Podcast “Errando o Passos | Ampulheta 60”
Marcos 10:42-45
1 Pedro 2:5
Atos 17:24
1 Reis 8:27
2 Crônicas 6:18
Isaías 66:1

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