Meu nome é Giancarlo Marx e hoje vou falar pela terceira vez sobre o tema: Deus é justo!
O tipo mais comum de justiça é a chamada Justiça Retributiva: Dar ao outro o que lhe é de direito, e é nela que a maioria das pessoas pensa quando afirma “Deus é justo!”
Mas como já conversamos, há outras formas de justiça divina expressas na bíblia. No episódio 50 eu falei aqui sobre a Justiça Distributiva, através da qual Deus permite que o mesmo sol e a mesma chuva caiam sobre pessoas boas e más. Ou, de acordo com a parábola, o mesmo pagamento de uma diária seja dado aos trabalhadores que passaram o dia inteiro na lavoura e para aqueles que chegaram na última hora de expediente.
No episódio 51 falamos sobre a Justiça Reparadora, que é aquela que promove a equidade entre pessoas ou grupos sociais que foram historicamente prejudicados de alguma maneira. Sabemos que, para que alguém seja rico, é necessário que muita gente seja pobre. Esta é a pirâmide social que vivemos, onde a miséria de muitos é o preço da riqueza de poucos. Deus não se agrada disso, e ordena ao longo de toda a Escritura, que aqueles que o amam reparem esta injustiça que recai sempre sobre os mais vulneráveis.
Hoje vamos falar sobre o quarto e último tipo: a Justiça Redentora.
Apesar de estarmos acostumados a ouvir este termo quase que exclusivamente em igrejas, o conceito de redenção tem origem na linguagem jurídica. Redenção é o pagamento de um a pena. Dizia-se por exemplo, que um condenado à morte, uma vez executado, estava “redimido”. Ou seja, sua dívida com a lei estava quitada. Do mesmo jeito, alguém que pagasse uma multa, um tempo de cárcere, etc.
Mais adiante o conceito se ampliou com a figura do “redentor”. Uma espécie de fiador, que se interpõe entre o endividado e o credor, se oferecendo para pagar a dívida. Na Bíblia o livro de Rute (com apenas 4 capítulos) conta a história de como a protagonista e sua sogra ficaram viúvas e sem condições de sustentar-se, e como foram “redimidas” por um parente chamado Boaz.
Outra história do Antigo Testamento dá uma pista muito importante sobre esta figura do redentor. São 42 capítulos de um homem sofrendo e ousando abrir sua boca para questionar a justiça de Deus. Sei que não é nem de longe o livro mais querido da Bíblia, mas garanto que ele esconde pérolas preciosíssimas como esta que vou ler agora. Eu estou falando do livro de Jó.
“Se eu decidisse esquecer minhas queixas, deixar de lado a tristeza e exibir um rosto alegre, ainda assim temeria todos os meus sofrimentos, pois sei, ó Deus, que não me considerarás inocente.
Não importa o que aconteça, serei considerado culpado; então de que adianta continuar lutando?
Mesmo que eu me lave com sabão e limpe as mãos com soda, tu me lançarás num poço de lodo, e até minhas roupas terão nojo de mim. Deus não é ser humano, como eu; não posso discutir com ele nem levá-lo ao tribunal.
Se ao menos houvesse um mediador entre nós, alguém que nos aproximasse um do outro! Ele afastaria de mim o castigo de Deus, e eu já não viveria aterrorizado. Então falaria com ele sem medo, mas, sozinho, não consigo fazê-lo.” – Jó 9:27-35
A verdade é que Deus é infinitamente grande! Um ser onipotente, onipresente e onisciente. Não há nada que escape ao seu conhecimento. Sequer um átomo em todo o universo sobre o qual ele não conheça cada mínimo detalhe. Como eu poderia me aproximar dele sem ser esmagado? Ou argumentar com ele? Será que teria como exigir que analisasse o meu lado da história (como se ele não conhecesse cada vírgula do meu e de todos os demais)?
Jesus ocupou este lugar do mediador tão ansiado por Jó. Ele é Deus, e se comunica com Deus como um igual desde antes da fundação do mundo. Mas ele também se fez homem como nós. E dessa forma a voz de Deus, que por tantas vezes ressoou através de trovões, luzes brilhantes e labaredas de fogo, agora estava na boca e na língua de um homem palestino. Filho de um modesto trabalhador braçal.
Mas não foi só isso (é até estranho aplicar “só” nesta frase) Jesus também se fez meu redentor. Ele quitou com sua própria vida a dívida de sangue que eu não poderia pagar. E neste ato de auto-sacrifício ele redimiu completamente a minha dívida, e me transformou num santo. Alguém sem um passado para se envergonhar.
Olha só o que Paulo escreveu aos crentes de Roma:
“Quando estávamos completamente desamparados, Cristo veio na hora certa e morreu por nós, pecadores. É pouco provável que alguém morresse por um justo, embora talvez alguém se dispusesse a morrer por uma pessoa boa. Mas Deus nos prova seu grande amor ao enviar Cristo para morrer por nós quando ainda éramos pecadores.” – Romanos 5:6-8
Eu posso até tentar te convencer do contrário, mas o fato é que eu não sou uma pessoa boa. Se você me conhecesse de verdade, as coisas que eu penso (e que na maioria das vezes não conto a ninguém) o mais provável é que não iria querer ser meu amigo. Talvez nem continuaria ouvindo este podcast. Imagine que Deus conhece tudo isso e, mesmo assim, resolveu me julgar, não com a Justiça Retributiva, mas sim com a Justiça Redentora.
Então pensando bem talvez eu deva parar de julgar as pessoas de outra maneira, né?
Um forte e redentor abraço. E até o próximo Ampulheta.
PARTICIPANTES:
– Giancarlo Marx
COISAS ÚTEIS:
– Duração: 07m56s
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– Todos os “Ampulheta”
CITADOS NO PROGRAMA:
– Podcast “Deus é Justo | Ampulheta 50”
– Podcast “Deus é Justo (Parte 02) | Amplheta 51”
– Livro de Jó
– Jó 9:27-35
– Romanos 5:6-8
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