28, 29, 30 | Resgate comemora 30 anos lançando 30 músicas inéditas

Depois de mais de um ano nessa jornada, nós finalmente chegamos ao fim dos textos comentando as 30 músicas novas da Banda Resgate, em comemoração aos seus 30 anos (já fizeram 31 hehe) e eu disse que queria ser a pessoa a escrever o último texto, meses atrás. O que eu não tinha como saber é que as três últimas músicas seriam aquelas que iam me quebrar inteira, quebrantando, mas também trazendo esperança ao meu coração.

Antes, porém, de falar das músicas, gostaria de comentar um pouco sobre todo o acompanhamento dessas 30 músicas saindo a cada mês: em alguns meses, tivemos músicas muito familiares a quem é fã da banda. Uma estética conhecida, arranjos, etc. Em outros meses, tivemos estilos absolutamente diferentes daquilo que um fã esperaria ou imaginaria vindo da banda. Em conversas com o Jonatha, eu afirmei que sentia que eles estavam experimentando tudo o que tinham direito musicalmente, e temi, confesso, que eles anunciariam o fim da banda após lançarem as 30 músicas. Me pareceu mesmo que eles estavam encerrando um ciclo, entregando o que queriam e deixando um legado. Apesar desse sentimento, o Zé já postou nas redes sociais que eles continuarão com a banda. (Vivas!)

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Agora falando das músicas. Senhor, que porrada veio com o final desse projeto.

Em “Um pouco além do chão”, nós temos novamente um trecho declamado na música, como em R81923. Na primeira vez que ouvi essa música, ainda sem saber do que ela falaria, eu caí no choro. Sabe aquele choro que vem do fundo da alma e a gente nem sabia que estava precisando? Pois bem. E acontece que essa música é formidável. Eu simplesmente não consigo ouvir ela sem chorar. Num dos dias que ouvi umas 4 vezes e chorei em todas, mandei um áudio pro Zé (sim, olha a intimidade da pessoa) ainda meio chorosa, para falar para ele que sinto que o Espírito Santo estava especialmente com ele quando compôs essa música. Pra mim, ela tem um toque inefável do paraíso, um agora mas ainda não. Eu podia falar de cada pedaço dessa música, porque ela é belíssima, mas deixo meu destaque especial para o refrão:

O Reino deles sempre são / Alimento e proteção / De onde vêm sequer eu sei / Nuvens formam uma mão / Quando não soubermos mais / De onde nos virá a paz / Os montes sempre saberão / Que os olhos subam um pouco além do chão.

Gente, como não se emocionar quando a música sobe e entra nesse refrão? Eu não sei. A gente, na pequenez da vida humana terrena, não lembra de levantar os olhos para fora de nós, para além da nossa miséria, e com isso esquece de olhar para Deus, aquele que era, é e há de vir (mas essa é outra música). E o refrão nos traz isso à mente. Mas gosto muito também das estrofes que formam o corpo da música:

Esperar sem enxergar / Sabendo ter sem nada ver / A paz é um milagre / De dentro pra fora /

Confiar e não saber / Amando dar e receber / O medo de ontem / Descansa no agora

Sério, que música espetacular.

Aaah, “Sábios e loucos”, que música! A letra é uma porrada em todos aqueles que esperam reinar, que esperam vencer, prosperar e acumular na terra, enquanto sabemos que nossa maior vitória é ter recebido o céu, graças a Cristo. E toda a profecia que se faz nessa letra é acompanhada por uma melodia doce, calma. Mostrando que os mansos herdarão os céus. Que não precisamos gritar, tomar posse ou agredir em nome de Cristo, pois sabemos que Deus é mais.

A intenção da banda pode nem ser essa, mas como não pensar no atual momento que o Brasil vive? Como não pensar na igreja que é conivente com projetos de morte, de extermínio da população vulnerável do país? Como não olhar para os líderes terrivelmente evangélicos que continuam defendendo ações, atos e pessoas indefensáveis, tudo em nome de um projeto político dito evangélico, tudo em nome de um quinhão do poder do país? Quando o que Cristo nos ordenou era justamente ser o menor, ser aquele que lava e seca os pés dos outros. Num mundo desse, numa igreja dessa, eu prefiro mesmo ser louca e seguir àquele que deu sua vida por miseráveis pecadores. Não há mérito nosso, há perdão e graça da parte da Trindade.

Loucos amam ser refúgio / Loucos amam ter pra dar / Loucos para partir / Como se o filho fosse voltar

Em Nossa Valsa”, temos uma música daquelas para tocar como encerramento do show. Vou me repetir, mas essa é outra que me faz chorar. Nela, a gente chora de alegria, de esperança. A gente anseia pelo momento de estar com Deus, de estarmos em paz. A gente esperar lutar a última batalha e se encontrar na Nárnia definitiva.

Parece que eu já estive junto / Foi meio como um dejá vu / A sensação de pertencer / De onde sempre fui / Sem nunca estar ali / […] Parece que eu voltei no tempo / E me encontrei no amanhã / O agricultor sacrificou / E deseternizou o efeito da maçã

Eu não sei como o Zé faz isso, mas quando ouvi essa música, foi assim que me senti. Até a sonoridade da música, era algo que eu já conhecia, mesmo sem ter ouvido. Ela fala de coisas que já foram e coisas que serão, mas eu não vivi quase nenhuma delas, e mesmo assim me sinto parte, me sinto pertencendo a toda à narrativa dela. Essa analogia de Cristo como o agricultor que nos recupera, que anula o efeito da maçã é tão linda. Gosto de imaginar Jesus cultivando um lindo campo, enquanto espera todos nós com Ele, finalmente nos céus. E sim, a música é inteira gostosa de ouvir. Gosto muito do coro no refrão, gosto do ritmo, gosto da perspectiva de pensar no amanhã, quando juntos, todos valsaremos.

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Ao final dessas trinta músicas, só posso agradecer ao Zé, ao Hamilton, ao Marcelo e ao Jorge. Vocês são espetaculares. Nós já tivemos a oportunidade de dizer isso a vocês mais de uma vez, mas obrigada por esses 31 anos de música, evangelho, vida e verdade. Vocês inspiram milhares de pessoas, e cada um dos que escreveu aqui nesses dez posts são apenas uma pequena parcela dessa gente toda. Que Deus possa dar vigor e disposição para vocês continuarem por muitos anos com a banda, mas mesmo se não for assim, até aqui o trabalho de você já é maravilhoso. Que Deus os abençoe.

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