Algumas considerações

Neste momento, tenho uns 13 anos de igreja, 11 de batismo. Nessa década, posso dizer que já fiz de tudo um pouco no meio eclesiástico. Hoje, analisando esse pouco que vivi, desejo tirar algumas conclusões e lições. Quem sabe, me ajude a seguir nessa próxima década e talvez possa ajudar você também.

A primeira coisa que me vem à mente é que, em mais de 10 anos, eu continuo sendo um nada. Estando eu ou não, a obra do Senhor continua, não depende de mim. E graças a Deus por isso! Eu contribuo com o que posso, só que sempre haverá quem me substitua (e ainda faça muito melhor do que eu, haha). Isso é ótimo, eu consigo ver como a Igreja é viva, pois a cada célula que o corpo perde, nasce outra, e as Boas Novas continuam a ser pregadas.

Outra coisa. É muito fácil perder tempo com o que não vai dar fruto nenhum. Facinho, facinho. A gente se dedica, a gente batalha, a gente estuda para… não dar em nada. Um não bem redondo na sua fuça. Que é para aprender que nem todas as ideias que você tem são úteis para o objetivo principal, que é levar Jesus a quem não o conhece. E nem adianta ficar triste, a vida continua. Projetos nascem e morrem. Uns permanecem por mais tempo, outros são como uma estrela cadente. A gente se frustra um pouco, mas, segue em frente, aprendendo a distinguir o que realmente importa.

É triste, mas, não vamos ganhar todo mundo. Nem todos que estão agora do seu lado continuarão com você ano que vem (ou daqui 6 meses). Vão mudar de cidade, vão mudar de igreja, vão mudar de opinião. Eu, que sou “tia” desde os 13 anos, tenho vários “sobrinhos” espalhados por aí. Boa parte está fora do meio evangélico. Alguns, infelizmente, esqueci o nome, mas, se eu cruzar na rua, reconheço. Outros, ainda guardo no coração e na memória as boas lembranças de muitos sonhos, risos e choros juntos. Estão por aí, escrevendo sua própria história, tomando decisões que eu não aconselharia tomar, acertando em outras coisas. De longe, comemoro suas vitórias e me aperta o coração com suas derrotas. É a vida.

Não vamos conseguir ajudar todo mundo também. Primeiro, porque nem todo mundo quer ser ajudado. Segundo, cada um de nós é um só ser humano. A gente mal dá conta de cuidar de si mesmo ou da própria família. Piorou cuidar de outros cinco ou dez (ou mais!) irmãos. Pastorado é dom, mas não é superpoder. Cansa pra caramba. Estressa. Tem hora que bate um desânimo pesadíssimo. Se não tivermos em quem nos apoiar, a gente não dá conta. É aí que os projetos começam a morrer. A partir do momento que as pessoas ficam apáticas e deixam de apoiar quem está pastoreando, essas mesmas pessoas deixam de ser cuidadas e vira uma cascata. Esse negócio de amor esfriando é terrível!

Eu devo estar meio Suzana Vieira, sem paciência para quem está começando… a fazer o mesmo que já fizeram antes e NÃO DEU CERTO. Parece que o Pregador de Eclesiastes estava certo: não há nada de novo embaixo do sol. O meio evangélico parece viver de ciclos. Já fiquei entediada, me dá uma gastura ver alguns erros se repetindo, repetindo e repetindo… Pra isso, não sei o que fazer. Apenas, estou seguindo aqui, no meu ritmo, às vezes devagar, às vezes mais rápido. Tentando acertar nas coisas que faço, nos planos e metas.

Eu, particularmente, enjoei de música. Enjoei de pirotecnia. De dramalhões. Fico com a sensação de que nada muito “UAU” me surpreende mais. Tenho preferido a simplicidade e nesse rumo tenho sentido mais paz. Estou naquela vibe de “quanto mais simples, mais natural, mais humano, mais pé-no-chão: melhor”. As grandes aglomerações não me encantam mais. Prefiro um pequeno coração contrito de verdade, um abraço caloroso, um ouvido atento. Um andar mais lento, um falar mais afetuoso. Jesus, com seu toque, curava e libertava as pessoas. Ele conseguia tocar as almas, apenas com sua voz e seu amor. Estou buscando ser assim, mesmo que pareça ser mais “ineficaz” para alcançar as multidões, países e nações. Sou pequena, sou fraca e falha, mas se algum gesto ou palavra minha conseguir exprimir o amor de Cristo, já é uma grande alegria para mim.

“Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.” A Igreja está no mundo, mas não é do mundo. Ela foi enviada ao mundo, então ela precisa IR. A gente precisa ajudar as pessoas. Precisamos ajudar a matar a fome, a sede. Precisamos vestir, precisamos abrigar. Precisamos abraçar, precisamos amar. Podemos fazer isso através da instituição igreja? SIM. Podemos fazer isso em outros lugares? SIM TAMBÉM. Podemos fazer isso sozinhos? SIM, CLARO. Podemos fazer tudo isso junto? Com certeza, cada coisa no seu tempo, mas, é possível sim. Ser Igreja, em todos os lugares, dar glória a Deus em todos os momentos.

Tempo de igreja não é sinônimo de maturidade espiritual (essa é bem óbvia). Isso se estende à vida. Tempo de vida não é sinônimo de maturidade. Muito menos de sabedoria. Entretanto, o oposto também não é verdadeiro. A verdade é que “No rosto do entendido se vê a sabedoria, mas os olhos do tolo vagam pelas extremidades da terra.”. No fundo, no fundo todos nós somos bem tolos com uns rompantes de sabedoria. Resta ser humilde em aceitar nossa própria dificuldade, nossa própria limitação.

Sei que não sou a pessoa mais competente para analisar algo tão complexo quanto a igreja, mas, neste texto quis apenas expressar algumas observações que fiz. Repensar as atitudes. Arrepender-se das coisas erradas e usar o aprendizado para não errar de novo. É importante, mais uma vez, termos humildade para analisar nossos passos e sermos corajosos para pedir “sonda-me, Senhor, e prova-me, examina o meu coração e a minha mente”.

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Até mês que vem!

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