Nudez

Diante de um corpo nu, retratado numa tela temos algumas sensações, as quais, não são jamais as mesmas que teremos diante de uma pessoa real, de carne e osso, e é sobre isso que quero falar hoje, mais do que a simples nudez, me objetivo aqui é falar sobre se despir.

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Obviamente, por mais puritano (e uso essa palavra no pior senso comum possível) que você seja, é inevitável, na nossa sociedade, você não se deparar com cenas de nudez na TV, dançarinas em programas de humor e/ou filantropia totalmente questionável, nas revistas, na internet sendo cotidianamente e incansavelmente esfregadas nas nossas caras, mulheres e homens com corpos perfeitos segundo o padrão estético vigente, como estratégia mercadológica para anunciar e consecutivamente, vender, todo tipo de produto. Mas essa nudez não é real, é uma nudez preparada minuciosamente, que s utiliza de vários artificio para esconder imperfeições do corpo de maneira tal que nada “fora do lugar” aparece e nessa nudez plástica e inquestionável, vemos pessoas como deuses gregos e não como seres humanos que somos e eu não quero falar sobre deuses desnudos, mas de pessoas reais que arrancam suas roupas diante de outras pessoas e sobre tudo o que esse gesto representa, ou deveria representar.

 

Há um lugar nas nossas casas onde geralmente reservamos a entrada a apenas pessoas do mais alto nível de intimidade, o qual, por muitas vezes fica restrito apenas ao nosso cônjuge, e é neste local, geralmente, que nos reservamos o direito de nos despir por completo e sem restrições, tirar tudo e expor nosso corpo, não apenas como objeto de desejo alheio ou como estratégia de chamar a atenção para algum produto, mas tiramos nossas roupas e sem qualquer tipo de maquiagem ou disfarce, ficamos expostos, nossos defeito, nossas vergonhas, tudo que está fora do lugar é apresentado.

 

Assim é também nossa relação com o Deus todo poderoso, uma relação de completa nudez. Diante de Deus, tudo o que somos e não aquilo que fazemos, é exposto e escancarado, é mostrado em holofotes e sem qualquer tipo de cosmético, somos vistos por ele. Por mais que muitas vezes tenhamos a inocente impressão de que conseguiremos apresentar um corpo perfeito que apresenta um produto inquestionável, deus tem acesso a todos os nossos defeitos, deus vê tudo que está fora do lugar. Isso nos causa, de modo geral, duas reações, a primeira e de fugir ou se esconder, tentar desviar os olhos de Deus fazendo com que ele olhe para a nudez dos outros, olhe para a nudez do adultero, do homossexual, olhe para a nudez do fumante ou de quem não controla os apetites, mas Deus pode olhar toda a nudez de todas as pessoas, e num dialogo eterno com todos os homens, Deus dá total atenção individualmente a cada um, diante de sua nudez. A segunda e mais honesta é se render. Abrir mão por completo da tentativa patética de se esconder do ente que tudo vê, e parar com esse esconde-esconde ridículo e sem qualquer propósito, largando as folhas de parreira que inutilmente tapam nossas vergonhas, estendendo as mãos para ele e pedindo ajuda para se proteger.

 

Quando nos rendemos e paramos de fugir de Deus, somos carregados nos braços por ele, e lá do alto, conseguimos ver que as outras pessoas também estão nuas, algumas se escondendo e outras que ainda nem se deram conta disso e diante desse quadro nos resta apenas gritar a todo pulmão:

 

Você está nu, se renda a Deus e ele poderá te proteger.

 

E fatalmente, quando estamos protegidos pelos braços do Pai, que cobre toda nossa vergonha e imperfeições, acabamos por nos esquecer, que estamos tão despidos quanto aqueles que ainda não se entregaram ou ainda não se deram conta, e de dentro do peito do corpo de cristo, nos tornamos aqueles arrogantes que, mesmo despidos, criticam a nudez do mundo externo, nos tornamos legalistas, pelados, imperfeitos, incapazes de entender a dor de quem ainda está com as vergonhas expostas.

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