Dias atrás passava em frente a uma denominação aqui em Curitiba conhecida por sua doutrina rígida em relação aos costumes. O engraçado é que tenho notado que ultimamente as igrejas têm pendido para o lado oposto a esse. Ao que parece esse anseio pela perfeição praticamente encontra-se em extinção e andamos a passos largos para uma antiutopia institucional. Confesso minha preferência irrestrita por essa tendência moderna de evangelho pois vejo muito mais falibilidade que perfectibilidade e minhas fichas estão apostadas no evangelho da graça.
De fato o evangelho focado no ideal de santidade esbarra nas próprias limitações humanas. Como focar em altos ideais celestiais ignorando as consequências da desilusão, mesquinhez, abuso de autoridade, orgulho espiritual e exclusivismo? Em uma sociedade cada vez mais individualista como a nossa estamos correndo constantemente o perigo do abuso da liberdade e nossas igrejas correm o risco do abuso da graça.
Tendo em mente questões como estas, lembro-me das epistolas do Novo Testamento. Confesso que sinto certo conforto no fato de que a igreja do primeiro século já estar em uma gangorra parecida. Inclinando-se ora para o legalismo perfeccionista, ora para um antinomismo confuso. Tiago maior escreveu para um extremo; Paulo dirigiu-se para outro. Cada uma de suas cartas tinha uma forte ênfase corretiva, porem ambas focavam na mensagem binária do evangelho. A Igreja, portanto, deveria incluir ambas as posições: Um povo que aspira a santidade, no entanto, descansa na graça; Um povo que condena a si mesmo, mas não condena os outros; Um povo que depende de Deus, e não de si mesmo.
A gangorra ainda está oscilando para lá e para cá. Algumas igrejas pendem para um lado; Outras para outro. Minha limitada leitura das epistolas me fez ansiar por uma igreja do tipo “ não só/mas também”. Conheci até hoje um número demasiado de congregações do tipo “ou/ou”.