Uma pausa natalina para olhar o umbigo

UMBIGOS

Para acompanhar o fluxo de fim de ano, este texto pode parecer até ser sobre a jornalista Rachel Sheherazade, que falou esta semana no Jornal do SBT (e convenhamos, foi até belo o negócio e a primeira vista bem coerente) – sobre como esqueceram Jesus no Natal, que a data virou uma festa apenas consumista, onde ela inclusive chamou muitas destas pessoas de hipócritas, coisa e tal.

Certo, considerando o natal como uma festa cristã (não vou entrar na questão da data verdadeira do nascimento de Jesus, ou do Solstício) , que celebra o nascimento de Cristo, o Deus encarnado que veio na terra como alguém completamente sem ligações com bens terrenos; seria uma baita incoerência resumir a festa a compras no shopping e a falsidade de tratar a pessoa bem só naquela data. Ok que um cristão praticante se esquecer de Cristo pra somente fazer correria no shopping é algo estranho. Mas é fácil criticar só neste momento, não?

Do que adianta criticar o consumismo do natal, se no resto do ano defende um regime econômico que se sustenta exatamente na cultura de consumo?

Do que adianta espalhar vídeos que exaltam a Cristo e criticam o papai noel porco capitalista, se sustentamos uma indústria que usa o nome de Cristo pra milhões consumirem discos, vídeos, camisas e toda sorte de supérfluos ‘gospel’?

De que adianta falar sobre “lembrar de Cristo no Natal” se no resto do ano temos uma atitude que em nenhum momento torna Cristo visível ao próximo?

Do que adianta falar mal do Papai Noel quando se cria um “Deus Papai Noel” que só premia materialmente a pessoa que seguir a cartilha na linha?

É bacana, talvez até as “pedras” estejam “clamando”, mas este clamor precisa estar junto com a coerência.

Precisamos não só ver vídeos que nos façam crescer, mas ver nossos umbigos.

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