Logo me trouxeram a mensagem: Jesus estava chegando à cidade e mandou avisar que iria ficar em nossa casa. Os vizinhos, todos curiosos, não paravam de comentar sobre o assunto. O burburinho e ansiedade eram gerais. Brevemente o dia ia chegando e pessoas de outras cidades afluíam para as redondezas de nossa casa. O clima era de festa! Jesus, o cara que ressuscita mortos estava vindo! O que será que ele iria fazer desta vez? Que grande milagre nossos olhos veriam agora?
Minha irmã, tão cedo soube e já se ocupou dos afazeres domésticos. Tive que ajudar, sabe como é… Limpamos a casa toda, lavamos a melhor toalha de mesa da casa. Descemos as pratarias e louças bonitas dos armários, lavamos e areamos as panelas. Colhemos flores e enchemos a casa com vasos para que o olor fosse aprazível.
E a comida? Hum! Fomos atrás do melhor, sem medir esforços ou olhar preços. É o Messias, poxa! Tem que ser o mais gostoso. Carnes, legumes, azeite, vinho, pão! Fizemos um guisado cheirosíssimo de carneiro, legumes refogados e um grande pernil assado de dar água na boca! Ai! Eu mal podia esperar para ver a cara do Mestre! E tudo estava ficando muito bonito e organizado. O clima de festa fez com que a chegada de Jesus virasse uma festa de verdade!
E então, ele chegou! Ficamos todos tão felizes! Eu, minha irmã e meu irmão estávamos radiantes e de coração alegre pela presença do nosso grande amigo! As pessoas se espremiam nas janelas e no beiral da porta para vê-lo.
Já eu… Não cabia em mim tanta emoção e felicidade por ele estar em minha casa. Então, fiz algo que aos olhos dos outros, parecia loucura! Peguei meu perfume mais caro, meu maior tesouro e depositei aos pés de Jesus. Eu o amo muito e queria dar algo especial, só que não sabia o que poderia presentear que fosse suficientemente grande para glorifica-lo. Sendo assim, foi o perfume. Limpei seus pés cansados com ele. Mas… Que cabeça minha! Esqueci a toalha, na correria. Desse jeito, tive que improvisar: enxuguei com os cabelos. Todos entraram em choque! HAHAHA
Eu não estava me importando, e sentia que o Mestre também não. Nem minha irmã, que vive me aborrecendo e dizendo que sou folgada soltou um pio! O silêncio pareceu durar séculos, até que um companheiro do Messias quebrou o silêncio:
– Por que não vendeu esse perfume por um dinheirão e distribuiu pros pobres?
(Sempre tem um Zé Mané pra estragar o clima, né?).
Entretanto, Jesus é o cara e respondeu na lata ao bonzão:
– Deixa que ela já adiantou o processo da preparação da minha sepultura. Os pobres estão aí com vocês sempre, já eu, não.
E com uma dessa, ele ficou quietinho! (Até eu ficaria, depois de ter falado bobeira).
O restante do jantar foi muito legal. Aprendemos sobre o Reino, demos risadas e saboreamos as delícias que preparamos. Muitos se juntaram a nós e tiveram uma experiência incrível!
Foi até tarde isso. E eu nem me importei de ter que limpar a bagunça depois. Só de ter o Mestre junto conosco, fiquei contente em trabalhar e organizar tudo de novo. Afinal, não é todo dia que o Salvador vem comer na nossa casa, né?
Eu me chamo Maria.
Ps.: Essa história foi escrita também pelo discípulo que Jesus muito amava. Só que ele não se chamava Maria (óbvio), mas, João.