Segunda vi Central do Brasil. Na verdade eu vi novamente, mas a primeira vez faz tanto tempo que consegui notar algumas coisas somente agora. Adiantando que foram coisas que fui notando com o filme. Não estou em nenhum momento afirmando que o filme é ‘gospel’ ou algo do naipe. Mas consegui ver alguns traços de fé, e não digo das festas católicas ou de evangélicos caminhoneiros.
Para quem não curte o tal do spoiler, tão odiado quanto uma turnê do Justin Bieber com Restart abrindo em todas as capitais brasileiras, um conselho. Veja o filme primeiro. (mas reclamar de spoiler de filme de 15 anos, pelamor, hein?) .
Bom, a história envolve o momento em que Dora, uma senhora que trabalha escrevendo cartas para analfabetos na área da Central do Brasil encontra um garoto que quer conhecer o pai.
Este desejo de conhecer o pai levou sua mãe até Dora, que escreve a carta (e não envia, como faz com todas as correspondências). Com o conteúdo da carta escrita, Dora conclui que este pai (cujo nome é Jesus) não prestava, já que ele era um cachaceiro que maltratava a esposa.
A partir deste momento o garoto, Josué, fica sozinho. Dora se aproxima, tenta convencer o garoto que este homem não prestava. O garoto, revoltado com a senhora, inicia este relacionamento rejeitando o máximo que podia, apesar de ver que não tinha outra saída.
E Dora, de certa forma se identificando com o menino, já que não chegou a conhecer seu pai, busca realizar seu sonho, levando até a terra de Jesus. Buscam em casas que não eram mais dele, procuram em vários locais, perdem dinheiro. Dinheiro, que foi sendo ganho com a ideia dada por Josué, de que a Dora escrevesse cartas por um real no meio dos festejos católicos.
Depois disto, vão para o hotel, e no momento em que Josué joga as cartas fora (já que era uma prática corrente de Dora), ele é repreendido por ela.
Nisso tudo eles conhecem dois irmãos: Moisés e Isaías. Descobrem que eles são filhos de um Jesus. E que é o mesmo Jesus que Josué procurava. Que era um homem trabalhador, carpinteiro, que ensinou o ofício a seus filhos, e que se afundou na bebida depois que sua esposa foi embora.
Mas Jesus tinha partido um tempo atrás, mas deixando avisado a seus dois filhos que ele iria voltar.
E tempo depois Dora decide que é hora de voltar para o Rio de Janeiro. Mas escreve uma carta a Josué, ressaltando que o Jesus que ela achava que conhecia não era o real, e sim aquele que ele dizia quem era. De certa forma, os irmãos a ajudaram a entender quem é este Jesus.
O Jesus pai de Josué, Isaías e Moisés, me fez pensar em Jesus Cristo e em sua Igreja.
Pessoas que são agredidas, feridas, moídas pela igreja. E passam a entender que Jesus é aquela agressão, que causou aquele ferimento, que moeu sua alma. Passa a ter uma imagem deturpada de Deus, da Igreja, da fé.
E passando a conviver com pessoas que estão esperando encontrar com Jesus, e que buscam seguir seus passos, consegue compreender quem é este Jesus, tem uma conduta transformada, e muda de vida e de história.