Uma das coisas mais fascinantes da Bíblia é que conseguimos identificar separadamente o comportamento de Jesus (e posteriormente dos apóstolos) em relação a cada classe social que se chegava ao Mestre – e a demonstração de como Ele entende que devemos fazer, como seus seguidores.
Como tratar os estrangeiros, os incrédulos, os profetas e mestres das Escrituras, os irmãos, a família e os que nunca saem de cima do muro – e são modos de lidar com as pessoas que conferem, até hoje, uma transparência e dignidade a todos que surpreenderia a um mero espectador.
O problema é que hoje a gente confundiu tudo. Exigimos do novo na fé o conhecimento de mestres, tratamos pessoas em cima do muro como irmãos e incrédulos como quem deturpa as Escrituras.
Jesus e posteriormente Paulo, lidam com o povo (e por povo entenda-se todos aqueles que têm conhecimento básico das escrituras, geralmente repassada por terceiros) não como culpado por sua própria ignorância – mas como crianças que devem ser ensinadas a tomar o leite, com construções básicas de teologia e da bíblia que desconstroem, naturalmente, todo besteirol que foi pregado por fariseus ou falsos profetas anteriormente.
A ira de Jesus tem um direcionamento claro: os que realmente conhecem a Bíblia e a deturpam conscientemente. São os fariseus, aqueles que tiveram uma vida inteira de estudos e debates acerca da palavra. Nisso, somos levados a refletir sobre um outro ponto atual: podemos dizer que os pastores, os líderes de jovens e líderes de louvor são todos fariseus?
Eu, pessoalmente, acredito que não. Posso estar sendo leviano, mas pela minha (pouca) experiência, vi poucos desses líderes eclesiásticos que tinha algum conhecimento bíblico próprio: todos dependiam do conhecimento repassado pelos seus superiores eclesiásticos, num conhecimento tão raso que seriam ensinados pelos apóstolos como mais alguns daquele imenso povo.
Talvez, nos nossos discursos inflamados, nas guerras que travamos nas redes sociais e às vezes até em mesas de família, estejamos atacando as pessoas erradas – atacando o povo que sedento pela misericórdia e amor divino, esteja engolindo qualquer coisa que pareça Verdade, mesmo sem sê-la.