Poderíamos definir, entre tantos outros problemas, a “crise do diálogo” como um dos grandes problemas da sociedade contemporânea. Conversamos muito, temos muitas ferramentas para tal, entre tanto, cada dia mais, no comunicamos de maneira deficitária
Esposas não se comunicam com seus maridos, mesmo que falem durante horas, pastores não se comunicam com seus liderados”, mesmo que reservem duas horas semanais dedicadas apenas para isso, FALAR.
Mas se falamos tanto, e tão bem, porque nos comunicamos tão mal? Isso me leva a crer q nossa crise, na verdade, não é do FALAR, mas uma crise de diálogo.
Diálogo (do grego diálogos [διά = através e λογόι = palavra, conhecimento], pelo latim dialogus) –
1. Entendimento através da palavra, conversação, colóquio, comunicação.
2. Discussão ou troca de ideias, conceitos, opiniões, objetivando a solução de problemas e a harmonia.
Dialogar é comunicar e compreender, falar e ouvir, é uma espécie de próto-relacionamento e quando esse embrião de relacionamentos está deformado, não cresce de maneira a se desenvolver de maneira saudável, se algo não for feito o quanto antes.
Falamos muito >> Não nos comunicamos >> Péssimos relacionamentos
Fazendo uma análise reversa, percebo que para termos bons relacionamentos, precisamos nos comunicar de alguma maneira e o excesso de ferramentas e o respectivo muito falar não tem tido sucesso nessa tarefa.
Temos muito para falar sobre nos mesmos, cada dia mais e temos cada vez menos tempo e vontade para ouvir oque cada um tem para dizer. Esse desejo intenso de falar de si, mostra, claramente que a cada dia estamos NOS considerando importantíssimo. Não se trata de julgar que os outros ao nosso redor não sejam importantes, e claro que são… Apenas um desalmado, uma criatura satânica, desconsideraria a importância de cada um ao nosso redor, a questão é que EU também tenho que me valorizar e comunicar como coisas maravilhosas tem acontecido diariamente na minha vida.
Temos com isso a falsa impressão de que não estamos pecando, e de que se valorizar a si mesmo, não é um problema, pois ouve-se o tempo inteiro “se eu não me valorizar, quem irá?’ ou coisas do tipo, que só vem a nos mostrar como cada novo dia somos mais e mais egoístas, mais e mais antropocentristas e dedicados cada dia mais à nossa própria satisfação, alegria e prazer…
A mentira diabólica de que SOU IMPORTANTE, é a maneira mais fácil de esconder que no final das contas, a única coisa que importa, é o EU e que posso até ser amigo, esposo, líder, etc, da melhor maneira possível, desde que para isso, o meu EU não seja NUNCA atingido, magoado ou mesmo incomodado.
A crise do diálogo não é, portanto, o problema, mas um sintoma de algo muito mais grave, que é a crise da consciência de comunidade, que o evangelho de Cristo propõem, quando afirma, no livro de João, no capítulo 13, versos 34 e 35. A nossa crise não é de diálogo e nem é de relacionamentos, a nossa crise é única e exclusivamente a de não compreender, que dentro da lógica cristã, o OUTRO é sempre mais importante e merece ser respeitado, seja ele quem for, o EU é desprezível, pecador e precisa reconhecer seus erros, e o NÓS é, de fato, o corpo de Cristo. Nossa crise, é não termos compreendido o evangelho, é não termos nos convertido ainda