Acredito que, de certa forma a religião involuiu como forma segura de relacionamento com Deus. Mas não penso que isso tenho começado na ruptura do neopentecostal com a tradição. A igreja tradicional já carrega em si essa involução. Portanto me parece que em todas essas mudanças, a igreja abre mão de certas tradições para subtitui-las por novas tendências, muitas vezes mercadológicas. Porém no fim, serão substituídas novamente num ciclo onde Deus é secundário pois a fé não tem haver com Cristo mas sim com o que a igreja oferece em troca da devoção do fiél. Então hoje temos cristão que não frequentam igrejas, ou frequentam igrejas que se mostram liberais ou que exigem menos. O fim do hall de membros da lugar ao “público intinerante” que busca um pouco de tudo para que no fim, faça sua própria teologia de salvação e prosperidade pessoal.
Ainda temos templos, cultos, liturgias, músicas, apelos e estratégias. Isso permanece igual. Mas é dentro de cada um desse itens que ocorre as mudanças mais diversificadas. Templos para que? cultos para quem? estratégias para o que? músicas sobre o que?.. enfim.. mesmo aqueles que não frequentam mais igrejas.. no fim.. constroem seus templos caseiros e criam suas visões eclesiásticas. Nada mudou mas tudo está diferente. Na minha caminhada cristã, vejo igrejas tradicionais-pentecostais cantando músicas neopentecoistais antes de um pregação fundamentalista para fiés liberais.
Também temos um número grandes de analfabetos funcionais na massa cristã. Das periferias, das filas de aposentados, pobres mulheres solitárias (não por falta de um homem mas por falta de um companheiro). Doentes em corredores do SUS. São essas pessoas que tem enchido igrejas que prometem riquezas, mas não garantem a vitória sobre os demônios, pois vai depender do pecado ou fé do fiél. A parte deles é o show. A do crente é pagar por isso. Como já disse, muda o espetáculo mas o circo é o mesmo. Antigamente eram as bruxas queimadas, as indulgências ou qualquer outra manipulação. O show da fé segue firme.
Quando afirmo que involuimos é justamente por ver como crescemos em quantidade de evangélicos mas como junto com isso cresceu nossa irrelevância na sociedade. Olhamos os dados do IBGE e louvamos a Deus porque somos um país de muitos evangélicos. Mas e dae? o que isso muda no mundo? o que muda em mim?
Sou um crítico do sistema capitalista. e por osmose me tornei um crítico da instituição cristã. Por que ela diz que não devemos nos amoldar aos padrões do mundo enquanto promove um congresso sobre estratégias empresariais para se ganhar almas pra Jesus. Marchamos pelas ruas ao som da nova músicas gospel descartável da vez e achamos que isso é evangelismo. Ou pior, sentamos a beira desse caminho e apontamos o dedo contra esses fariseus mercenários. Estamos todos confusos e nem sabemos mais se cremos na pregacão que fazemos.
É um caos. Mas é desse caos que estamos formando nossa identidade. nosso erros e acertos são postos lado a lado. Eu vejo por ae pessoas que antes bradavam contra as igrejas, pedindo perdão e voltando ao caminho. Vejo líderes que contavam vantagens nas igrejas, tropeçando em suas próprias mentiras aos olhos dos fiéis. Eu vejo a promessa de restauração da justiça se concretizando. Eu vejo a América Latina descobrindo seu fé como uma criança recém nascida descobre a própria mão.
Mas é claro que temos coisas boas. o neoevangelicalismo por exemplo (o Evangelho todo para o homem todo e para todos os homens. ) vem buscando seu espaço na tentativa de responder a tantas loucuras feitas em nome da igreja. Temos pensadores, escritores, artistas (me ponho nessa categoria), políticos. Todos querendo realinhar o pensamento “cristão de igreja” com o “pensamento cristão de Cristo”.
Meu consolo talvez seja saber que nossa teologia ainda está se formando , como magma em repouso.. meu único receio é que depois disso só pode virar pedra… e que Deus nos ajude para que seja a pedra angular da qual Jesus se refere no texto bíblico.