#ScholeQueÉ – Introdução ao Gênesis – A promessa corre perigo #002

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Introdução ao livro de Gênesis – A promessa corre perigo

O estudo do livro de Gênesis é importante, pois fundamenta o ensino teológico de todo o Antigo Testamento.

Não se trata de um livro científico, nem tampouco é uma obra biográfica ou histórica, mas é legítimo investigar suas afirmações, assim como podemos aprender sobre homens e mulheres que se deixaram ser usados por Deus e que segue os mesmos rumos da história da humanidade.

O nome Gênesis vem da tradução grega do Antigo Testamento (chamada septuaginta), e significa origem. O nome no original hebraico era “No princípio”.

Autoria

A tradição atribui a Moisés a autoria de Gênesis, mas não se encontra no livro nenhuma evidência conclusiva. Como o Pentateuco, na tradição judaica, era visto como uma única obra, e Moisés é descrito como o compilador dos outros livros, logo ele foi cogitado como o mais provável escritor de Gênesis.[/tab]
[tab title=”Estrutura”]

Estrutura de Gênesis

Gênesis está dividido literariamente em onze partes que começam por “…esta é a história de…“. Isso sugere que alguém antes de Moisés já havia separado este material que foi usado para compor o livro todo.

Estas seções não servem apenas para dividir o livro, mas demonstram a graça e misericórdia de Deus em preservar a raça humana mesmo com todo pecado produzido pela humanidade. Além disso a história destas gerações mostra que o plano redentor de Deus estava sendo executado.

Abaixo está o quadro que apresenta esta estrutura:

Ordem Geração Referência
1 Dos céus e terra 2:4 – 4:26
2 Adão 5:1 – 6:8
3 Noé 6:9 – 9:29
4 Sem, Cam e Jafé 10:1 – 11:9
5 Sem 11:10-26
6 Terá 11:27 – 25:11
7 Ismael 25:12-18
8 Isaque 25:19 – 35:29
9 Esaú 36:1-8
10 Esaú 36:9 – 37:1
11 Jacó 37:2 – 50:2

Estrutura narrativa

Criação (1:1 – 2:3)

O registro da criação está estruturado de forma a demonstrar a progressão do sem forma e vazio para o pleno preenchimento, adequando-se ao homem.

A narrativa conta como o homem decaiu da alta posição a que fora colocado na criação para a expulsão do jardim que Javé criara para ele. O assassinato de Abel por Caim mostra que a nova ordem do pecado havia se instalado nas raízes da humanidade. O registro posterior das genealogias do livro de Gênesis provam que o pecado viera para ficar definitivamente nos fundamentos da humanidade.

O relato do pecado culmina no dilúvio, atraindo o julgamento de Javé sobre a humanidade, mas ao mesmo tempo representou sua graça, ao poupar Noé e sua família. Aqui temos outro contraste com as narrativas de outros povos sobre o dilúvio, pois, nestas narrativas, os deuses não desejaram poupar ninguém, antes a salvação de uma família foi a traição de um dos deuses que avisou sobre a destruição iminente do mundo.

Após o dilúvio Javé renova sua aliança com a humanidade, a mais abrangente da Bíblia, pois envolve a todos com a promessa de não destruir mais a Terra com água.

Seu julgamento é visto mais uma vez, ao impedir os homens de se unirem em rebelião confundindo suas línguas, gerando a expansão geográfica. Porém, sua graça é renovada ao se revelar a um homem e sua família.

Os patriarcas na Palestina (11:27 – 37:1)

O texto a seguir não pretende demonstrar a continuidade da fé da humanidade, e Abraão não é apresentado como um homem diferente dos demais, pelo contrário, pois o texto de Josué 24:2 mostra que Abraão e sua família eram politeístas, não adoravam a Javé. Concluímos, portanto, que Javé escolhera a Abraão do nada, sem nenhum tipo de mérito.

Após o estabelecimento da aliança com Abraão todo enredo gira em torno do suspense em relação ao cumprimento das promessas feitas por ocasião da aliança. O primeiro deles é a incapacidade de Sara de gerar filhos. Nestas narrativas está incluída também a história de Abraão e Sara no Egito, que, para escapar da fome acabam se envolvendo com o perigo do faraó se apossar de Sara com sua esposa. Outro obstáculo ao cumprimento da promessa fica por conta do problema entre Abraão e seu sobrinho Ló. Outro episódio envolvendo Abraão e seu sobrinho foi o resgate que Abraão realizou de Ló.

Outros empecilhos ao cumprimento da promessa são apresentados, tais como no capítulo 15, apresentado Eliezer, um empregado de Abraão, como um possível herdeiro, e, no capítulo 16 com a entrada em cena de Hagar e Ismael. Javé havia, no entanto estipulado que o herdeiro seria um filho legítimo de Abraão e Sara.

A narrativa prossegue, e, mais uma vez, o cumprimento da promessa está em risco quando Sara quase foi levada para o harém de Abimeleque. Se ela fica lá, mesmo que por pouco tempo, poderia haver dúvidas sobre a filiação de Abraão, pois seu nascimento estava previsto para dali um ano. A ameaça é removida por meio de um sonho que o rei teve orientando-o a devolver Sara.

No capítulo 21 temos o nascimento de Isaque e tudo tende a ficar bem, porém o pedido de Javé para Abraão sacrificar Isaque coloca o risco de volta à história. Entretanto todos os riscos anteriores decorreram de algum erro humano, mas este risco ao cumprimento da promessa vinha do próprio Deus. Esta prova tinha o objetivo de Abraão demonstrar seu temor a Javé, pois não era uma obediência apenas para ganhar algo em troca, neste caso Abraão perderia! Eliminado mais este obstáculo Javé renova suas promessas a Abraão (Gênesis 22:16-18).

Após estas narrativas os obstáculos continuam, pois era necessário que Isaque também se casasse e tivesse filhos. Após a história sobre o arranjo do casamento entre Isaque e Rebeca, surge outra amaeaça ao cumprimento da promessa: Rebeca também era estéril. O texto relata mais uma vez a graça de Deus ao permitir que Rebeca tivesse filhos, eliminando outra ameaça à promessa. A partir daí o texto relata as dificuldades de relacionamento entre família da aliança, que novamente põe em risco o cumprimento da promessa. O texto também tem a intenção de mostrar que Jacó, o escolhido de Javé para continuar a promessa não tinha a mesma estratura espirtual que Abraão seu avô, o que em si mesmo representa outro obstáculo ao cumprimento da promessa.

Os patriarcas no Egito (37:2 – 50:26)

Neste ponto o narrador introduz a José, filho preferido de Jacó. A narrativa de José é perfeitamente estruturada, exceto pelo capítulo 38 de Gênesis, que narra a história isolada de Judá, que teria grande importância para a história posterior do povo de Israel.

O objetivo principal da história de José é explicar a razão de o povo ter vivido no Egito durante tanto tempo, explicando os motivos do Êxodo do povo, o grande evento fundador do povo de Israel no Antigo Testamento.

Apesar do tema da aliança ser pouco comentado, fica evidente a ação de Javé em guardar seu povo para o cumprimento pleno das promessas feitas a Abraão décadas antes.[/tab]
[tab title=”Principais temas”]

Propósito e conteúdo

Alguns temas de Gênesis giram em torno da boa criação de Deus, da desobediência que separou o homem de Deus e de sua revelação progressiva ao povo escolhido por meio da aliança.

O livro de Gênesis explica a razão da escolha de Abraão e sua família para realização da aliança com Javé. A aliança é o tema que unifica as histórias contidas em Gênesis e narra os perigos do não cumprimento desta aliança. No decorrer desta história Deus envia seus julgamentos à humanidade, que se opoe ao pecado estabelecido em todos os aspectos.

Ao contrário das demais histórias da origem do universo, Gênesis mostra que Javé não apenas organizou o universo, mas deu origem ao mesmo mediante o poder de sua palavra. As demais histórias da criação de outros povos mostram que o universo não foi criado, mas apenas organizado mediante lutas entre as divindades. Gênesis mostra que o universo foi criado pelo poder do Deus soberano, pois os povos ao redor de Israel personificavam as forças da natureza como deuses, e Gênesis mostra Javé como o criador destas forças.

Outro aspecto importante é que as histórias da criação dos outros povos mostram que a humanidade foi uma ideia posterior dos deuses, porém Gênesis deixa claro que o propósito da criação foi gerar um ambiente no qual o homem pudesse viver. Algumas narrativas da criação mostram que o homem foi criado para fazer o trabalho que os deuses estavam cansados de fazer, portanto era uma ferramenta de dominação dos escravos, já que os reis e governantes eram considerados deuses.

O texto de Gênesis não esconde os problemas e erros dos patriarcas, mas a despeito disso Javé manteve-se fiel à aliança que havia estabelecido com Abraão e sua descendência. Estes episódios demonstram que não foi por mérito que ele havia escolhido esta família.[/tab]
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Milhoranza

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