[box type=”comment” size=”medium”] Crentassos lindos desse Brasil. 2012 começou de cara, com algumas coisas novas pra testar nossa paciência, entre outras que a gente já vem suportando, né minha gente? Mas, enfim, vamos ao texto. [/box]
Encheu o saco: Globo, Promessas, Esquenta, crente no BBB, Michel Teló gospel, tudo isso misturado na telinha, entre um intervalo e outro da Bombril. Mais do que isso, encheu o saco o “blablabla” dos crentes sobre isso. Sinceramente, quem não esperava esse tipo de fenômeno na mídia, não estava atento aos fatos ou sofre de um alto grau de ingenuidade. Não adianta gastar forças reclamando, fazendo “mimimi”, criticando, falando feito louco, como se a verborragia crítica fosse realmente impedir esse fenômeno crescente, que antes de ser religioso, é um fenômeno de caráter histórico-social. Soa igual criança que avisada trocentas vezes, ainda esperneia com o acontecido. Aliás, sabia que pra 2012 a Globo ainda pretende fazer três edições do Promessas? Se acostumem. Talvez o melhor a se fazer é ser Igreja do lado de cá, pois essa é a crítica mais agressiva e eficaz contra tudo que possa eventualmente ameaçar ou colocar em xeque o Reino de Deus.
Vamos lá. Os mercadores da fé: Malafaia, Valdomiro, Macedo… Eles enchem nosso saco a muito tempo né? Mas encheu o saco quem vive dando ibope pra esses caras, comentando, rindo de, produzindo textos e mais textos sobre tudo que esses caras fazem ou deixam de fazer. Não sei como ainda não existe a revista “Caras” gospel, ou “Tititi” gospel. Porque tem gente que poderia ser editor profissional dessas revistas, caso elas existissem. Sabem TUDO da vida dos caras! Essa gente ruim não pode ter mais espaço em nossas conversas. Comentar é dar crédito. Rir de, também corre-se o risco de fazer do triste, o cômico e o engraçado. Cuidar bem das ovelhas que estão ao nosso lado, em silêncio, ainda é a maior expressão de descontentamento e “escrotizagem” com o pentiado e a gravata desses caras.
Encheu o saco, Escolhi Esperar e todos os ministérios virtuais semelhantes que enfocam somente uma área específica da vida. Reconheço os esforços, a boa intenção e os bons frutos gerados por esses trabalhos, e não tenho nada contra as pessoas envolvidas em si, muito menos contra os criadores, mas sim, estritamente contra a proposta ideológica do foco em modelos prontos de conduta, em detrimento do foco na inspiração e aprendizado com exemplos de vida. E quando se fala de gente exemplar, se faz referência a quem fez certo nas finanças, na família, na Igreja, na faculdade, no trabalho, em tudo, e não só no amor. O ser humano precisa ser apresentado à radicalidade do Evangelho em todas as áreas da existência. Caso contrário o Evangelho não estará sendo oferecido como proposta de transformação total, mas sim como uma “mãozinha” a um interesse específico. A juventude evangélica por muito tempo tem se alimentado de jargões de forte impacto, mas de pouca sobrevida; de máximas de efeito e de poucos ensinamentos de repercussão permanente. É talvez por isso que tanta gente tem abandonado a Igreja, depois de simplesmente conseguir o que almeja ou precisa.
Encheu o saco os especialistas de plantão que acham que vida cristã é ficar discutindo Calvino, Arminio, Darwin ou Hare Crishna. Quem acha que Jesus teria interesse nessa briguinha de “quem tem razão”, precisa reler os Evangelhos. Eu gosto de teologia. Aliás, gosto muito! Mas teologia não é um jeito de se viver. Teologia nos fornece pistas de onde é o horizonte, mas não é o caminho em direção a ele, proposto por Cristo. Cristo nos deixou três ordens, das quais, a masturbação teológica não é uma delas: pregar a Palavra, curar enfermos e expulsar demônios (principalmente os demônios das estruturas sociais). Teologia boa mesmo é aquela que sai da escrivaninha e vai parar na mesa da cozinha e no parque com as crianças. Se não se traduzir em prática, não serve pra nada, a não ser para discussões inúteis geradoras de antipatia nas redes sociais. Os unfollows/unfriends/unsubscribes que confirmem o que estou dizendo. Rs…
Por fim, encheu o saco aqueles que sabem o que é de fato Igreja, mas acham que só há um jeito de fazê-la. Eleva-se conceitos e definições das academias ou tradições humanas, acima e em detrimento, de significados e valores eternos em que ela subexiste e acontece. Quem entendeu definitivamente que Cristo está quando dois ou três se reúnem em nome Dele, não vê sentido em gastar tempo criticando outros cristãos ou a própria Igreja, seja ela, com ou sem paredes. Conceitos importam menos que valores. Modelos importam menos que conteúdos. Aparta-se muitos, por conta de manuais inventados e reinventados que segregam mais do que ajuntam. A discussão cada vez mais crescente entre lideranças e “desigrejados” por exemplo, não produz Vida em nenhum dos lados e só gera líderes de opinião que vivem isolados com seus rebanhos. É gente que vive contabilizando adeptos puxa-sacos e nomeando “ovelhas negras” na Igreja, antes de ninguém, senão de Cristo.
Meu saco explodiu. Vou ali limpar. Me passem a vassoura, o pano e a pá por favor…