“O Saco” – sobre status, privilégios e serviço

   Há muito tempo que é assim. Pra muita gente, a confirmação do serviço a Deus, tem acontecido através de apertos de mão, elogios, gratificações e promoções que acontecem dentro do próprio meio eclesiástico. Depois de dedicar-se algum tempo nas atividades internas de uma igreja, qualquer um ganha facilmente reputação de servo ali dentro. Se for músico,  a fama de herói vem como extra. Meninas, se tornam as mulheres mais puras, e intocáveis da comunidade. Assim são esses jovens líderes: membros, que se tornam quase que beatificados pela dedicação e serviço às atividades da igreja, acompanhados e observados pela alta liderança, e que posteriormente são requisitados para pregarem localmente ou em grupos de outras igrejas de uma mesma rede/parceria. São as estrelas nos palcos de grandes retiros, gente que todo mundo quer chegar perto. E suspeito que foi assim que nos tornamos em boa parte, ridículos perante a sociedade.Vivemos uma época em que cristãos aplaudem o cristianismo de cristãos. 
   Muitas pessoas estão inseridas nessa realidade há muito tempo. Foram adestradas pelos apertos de mãos e broncas de pastores; de olhares positivos ou medonhos de líderes de louvor; de sorrisos e caretas de irmãos mais velhos na fé; de tapinhas no ombro e longas exortações de comitês. Outrora, os jovens mancebos queridos da liderança; outrora, desgraçados sucessores mor de lideranças passadas. O tempo passou, e até hoje essa gente não faz a mínima idéia do significado que é receber o abraço do cobrador de impostos arrependido; o sorriso extasiado de uma criança saciada; as lágrimas de uma meretriz quebrantada; ou a alegria de um pai de família que aprendeu o valor do perdão. E aí levanto um questionamento: porque temos nos esforçado tanto para recebermos aprovação das nossas igrejas, e temos deixado tão de lado o atestado das pessoas comuns da sociedade a respeito de quem somos? Afinal, quem responde concisamente ao exercício da nossa fé? 
   A maioria massiva dos crentes, tem gastado toda a sua vida, seu dinheiro, seu tempo e suas energias buscando afagos aprovativos de suas lideranças. Será que não deveriam estar primordialmente buscando respostas das pessoas comuns da sociedade ao próprio exercício da fé? Não é a sociedade constituída de gente distante da igreja que diz se nós  estamos cumprindo ou não com os valores em que nós apregoamos em nossos templos? Me parece uma questão muito clara e resolvida: são eles que nos confirmam se estamos seguindo o exemplo de Jesus ou não. Eles é que são o parâmetro da nossa maturidade cristã e nos apontam se estamos imitando a Jesus Cristo ou não. Viver uma vida inteira em busca do cumprimento de um conjunto de expectativas eclesiásticas ainda está longe de ser uma experiência de vida cristã nesse mundo. E se esforçar para ser aceito num grupo, nada tem a ver com seguir o mestre Jesus. Ter o “saco” esticado é muito fácil. Quero ver acatar o escândalo da cruz. Fico com a segunda opção.

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