Se perguntar pra mim, não sei de nada… sou só mais um desses que não tem direito nem de se colocar em letra maiúscula. As letras que me descrevem, durarão muito mais do que eu, meus versos, esses sim talvez mereçam alguma honra qualquer, mas eu, não me cabe nada, mau sustento o barro e o pó do qual fui feito, vivo a duras penas com a cara ranzinza e casmurra tentando fazer os outros olharem pra mim. fico aqui gritando feito um condenado, mas quando olham, finjo que a carência não é minha, deixo que meu orgulho assuma meu corpo e não deixo transparecer um pingo de dependência. Por fora eu me basto, no sorriso falso eu esgano qualquer gole de caridade que venha até mim mas por dentro eu me despedaço. minha alma chora por um abraço, por um afago, por um sorriso sincero causado pela minha presença, pela aceitação das minhas falhas, pela perdição que é a minha existência.
Essas são minhas últimas palavras, a partir de hoje eu vou embora, subo em meu cavalo e vou lá, visitar outras galáxias… Se você gostavas de mim, devia ter me avisado, eu ficaria por qualquer um que me amasse; mas como me sinto só, não quero ficar aqui onde minha necessidade é tida como defeito; quero ser amado, quero poder dizer que te amo, quero que vocês me vejam além do que pareço representar, quero te pegar no colo, assim como quero poder sentar no seu colo. Porém, como tudo que remete a carinho lembra sexo. sinto muito se gostavas de mim, se apreciavas minha presença, não suporto mais essa solidão, essa suspeita de amor, esse nada dito perdido em palavras vazias, vou embora.
Em algum lugar, talvez um ser qualquer veja minha dependência e não tenha medo de se importar comigo.
Adeus.