Certavez um amigo muito próximo a mim disse: “Sua boca é uma porta que somente vocêtem a chave, ou seja, tudo que sair dela é de responsabilidade inteiramentesua!”. Acho que por isso sempre tentei ser mais diplomático em meus comentáriosa cerca de preferências religiosas com outras pessoas. Um grupo muito seleto depessoas sabe o que realmente penso sobre temas polêmicos e esporadicamentedeixo escapar alguma coisa em meus textos ou em um debate via web onde as vezesextrapolo em minhas opiniões. A questão não é ser covarde ou ecumênico, mas terconsciência que posso mudar a qualquer momento assim como já aconteceu comigovárias vezes durante minha vida. Quando somos jovens estamos repletos de ideaisque normalmente acabam “logo alí”, e com o passar dos anos tendemos a equalizarestes valores e sentimentos para pontos mais medianos onde a tolerância acabapor tomar um papel mais importante em nossas decisões. Vejo isso claramente navida do apóstolo Paulo que no início de sua conversão ao cristianismo eradefensor ferrenho de suas ideias usando por vezes tons taxativos contra osoutros apóstolos circuncidandes de Jerusalém alegando não saber por que eleseram perseguidos já que negavam a cruz de cristo por optarem seguir o julgo daLei. Posteriormente este mesmo Paulo acaba por arrecadar fundos para os pobresde Jerusalém entre os gentios e aproximar-se humildemente dos pilares da igrejaprimitiva que ele mesmo acusara anos antes.
Emtodo este contexto acredito que o que mudou Paulo em seus conceitos foi o fatode ele debater, exortar e aprender sobre sua fé. Dificilmente consigo imaginara imagem de um Paulo pregador em um monólogo interminável enquanto as pessoas aoredor adotavam uma postura passiva. Não! Havia muito mais diálogo queimaginamos e a cerca da importância deste para o crescimento espiritual escreveumuito bem o Professor J. G. Davies em seu livro Dialogue with the world: “O monólogo é inteiramente destituído dehumanidade: Ele considera que conhecemos tudo e que temos apenas quedeclará-lo, transmiti-lo ao ignorante, ao passo que precisamos buscar a verdadejuntos para que a nossa verdade seja corrigida e aprofundada ao encontrar asverdades daqueles com quem entramos em diálogo”. Claramente consigo notar queminha postura de ser comedido na expressão de meus ideais me protege de ter queme desculpar futuramente por ter defendido com muito fervor um ponto de vistaerrôneo. Como disse certa vez o Cristiano para mim: “Tenho certeza de umacoisa: que posso mudar de opinião a qualquer momento!”
Entãová em frente e converse com pessoas de diferentes credos procurando entender adinâmica de sua fé. Quem sabe ao fazer isso estejamos abrindo uma brecha atravésdo respeito mútuo para que possamos expressar o amor de Deus e mostrar tambémnossos posicionamentos e visões de mundo. Não tenho que concordar com nada doque a pessoa crê, mas não custa nada ouvir!