Tampouco foi este mundo habitado pelo homem a primeira das coisas terrenas criadas por Deus. Ele fez diversos mundos antes deste, mas destruiu a todos, porque não se satisfez com nenhum antes de criar o nosso. Porém nem mesmo este mundo mais recente teria permanecido, se Deus tivesse executado o seu plano original de governá-lo sob o princípio da justiça estrita. Foi apenas quando viu que a justiça por si mesma traria a ruína do mundo que ele associou à justiça a misericórdia, e fez com que ambas governassem conjuntamente. Desta forma, desde o princípio de todas as coisas prevaleceu a bondade divina, sem a qual nada teria continuado a existir. Se não fosse por isso, as miríades de espíritos malignos já teriam colocado um fim às gerações dos homens. Porém a bondade de Deus ordenou que a cada mês de Nisã, por ocasião do equinócio da primavera, os serafins aproximem-se do mundo dos espíritos, e os intimidem de modo a que eles temam fazer mal ao homem.
Esse parágrafo pertence às Lendas dos Judeus, um livro com seis volumes escrito por Louis Ginzberg (dois volumes só de notas) baseadas no Talmud, um dos livros sagrados dos judeus. Louis Ginzberg reuniu uma série de lendas que muitas vezes explicam ou trazem novas alegorias de coisas que causam muita dúvida entre nós.
São historinhas bem interessantes, mas, vale lembrar, são só lendas, fazem parte do imaginário e não podem ser considerados como fatos. Se alguém achar que isso tudo é uma viagem e que vai contra o que a bíblia diz, lembre-se que essas lendas não pretendem desautorizar a bíblia, mas talvez elucidar algumas das faces de Deus.
Cruzei com esse texto na Bacia das Almas que demonstra ser um excelente Indiana Jones de textos obscuros que tratam da natureza divina.
A imagem que abre esse post é o quadro Victory Boogie Woogie do pintor holandês Piet Mondrian.