Foi mais ou menos assim:
Eu gostava dela, ela não gostava de mim.
Num retiro ela começou a me ignorar, perguntei pra ela se estava me ignorando, ela disse que sim, que achava que eu estava gostando dela e ela não curtia muito a ideia. Não faz mal, insisti mais um pouco e ela continuou nesse lance de ignorar.
Como bom cavalheiro, pedi a autorização do galanteio. Meu cortejo não foi bem vindo, um não enfático e certeiro cortou meus planos ao meio. Não lembro o que fiz, acho que deixei rolar.
Primeiro esqueci, outra entrou na história, mas ela, que antes me ignorava, começou a dar brecha; a gente virou super amigo — daquele tipo que não precisa de motivo pra se ver — e se via sempre que possível.
Numa noite de domingo em que o chuvisco tomava conta, logo após a tradicional pizza depois do culto, ela me levou pra caminhar. As ruas das Mercês vazias se enchiam com nossa voz; ela disse que talvez estaria gostando de mim, eu perguntei o que eu fazia com isso, ela respondeu com o tradicional não sei; mais uma vez esperei pra ver o que acontecia.
No próximo sábado, ela dormiu na minha casa. Por incertezas do destino, eu aluguei o filme Cinema Paradiso. Despretensiosamente o filme discorria sobre o beijo no cinema, despretensiosamente nos beijamos — o primeiro de muitos. Aquele domingo foi surreal — conversas deliciosas, o deleite da companhia alheia, a triste necessidade de voltar a realidade. Aquele domingo foi só nosso, o mundo não existia, éramos um casal, e só isso bastava. Mas ele acabou.
A semana após o beijo foi extremamente bizarra.
Na segunda roubei um beijo dela, na frente do cinema, pedi ela em namoro; ela não respondeu.
Na terça a gente não se viu.
Na quarta ela não falou nada, parece que fazia questão de não ficar sozinha comigo.
Na quinta a gente conversou, ela se mostrou uma pessoa que eu odeio.
Na sexta ela me chamou pra conversar de novo, acho que queria se retratar. Em meio aos sebos e livros antigos ela me pediu um beijo. À noite ela disse sim, estávamos namorando!
Duas semanas depois falávamos em casamento.
Um mês depois marcávamos a data.
Pouco mais que dois anos depois entrávamos na igreja.
Abençoado é homem que não vive só.
Poucos eventos mudaram tanto minha vida como aquele sábado ensolarado. Por volta das 18 horas lá ia eu em direção ao altar, logo atrás vinha a mulher mais linda do mundo, vestida toda de branco, resplandecendo beleza e alegria.
Aquele sorriso tomou conta da igreja. De uma forma sobrenatural aquela alegria se espalhava, Deus tinha desenhado aquele momento desde que o mundo fora criado, não podia ser de outro jeito, não queria que fosse com outra pessoa…
Stheffany Bunitinha, já foram dois anos de alegrias, surpresas, desesperanças e esperanças sempre realimentadas!
Não podia ser de outro jeito! Não cogitaria ser com outro alguém!
Deus sabe o que faz e o faz muito bem…