O que? Como falar sobre espiritualidade equilibrada em um livro que sequer cita o nome de Deus?
Pois bem, num mundo cada vez mais ávido por novidades e pirotecnias espirituais, a jovem Ester tem muito a nos ensinar!
Não é minha pretensão narrar a história toda aqui neste artigo, então sugiro uma leitura com atenção para melhor compreensão deste texto.
Deixo destacado porém os episódios narrados nos capítulos 3 e 4. Nestes parágrafos Ester é confrontada por Mardoqueu, que foi bem enfático, e exigiu um posicionamento dela. Ester poderia, diante deste fato, ter replicado a Mardoqueu que Deus havia dado a ela a benção de ter sido escolhida rainha, e não iria jogar isso fora. Esta atitude dela nos ensina que as bençãos devem ser compartilhadas, e não “consumidas” somente por nós. Ou seja, muitas vezes agradecemos a Deus um livramento qualquer, ou uma “benção material”, mas nos enquecemos que o propósito de Deus é a visão comunitária, onde as bençãos são compartilhadas, pois Deus não tem seus queridinhos.
Outro aspecto importante é que as dificuldades vão acontecer e temos que tomar uma posição a respeito, assim como fez Ester quando se apresentou diante do rei. E aqui vai outro grande ensino para nos: temos que assumir alguns riscos. Ela poderia ser morta, porém, em favor do seu povo, ela assumiu este risco. Hoje muitos crentes determinam que tudo vai dar certo “em nome de Jesus”, transformando o nome da nossa redenção em um amuleto.
Outro aspecto que me chama a atenção nesta passagem é que, embora Deus possa, ele não necessariamente irá mudar o processo natural das coisas neste mundo. Em tempos onde os crentes precisam ver fogo subindo e chuva descendo Ester nos dá uma dica valiosa de uma vida espiritual equilibrada: jejuem vocês, eu e minhas empregadas também jejuaremos e, se tiver que morrer, morrerei.
UAL! Isto soa tão comum, externa tão pouca fé não é mesmo? Pois bem, e mesmo assim Deus não manda anjos, não manda nenhum sinal pirotécnico e muito menos efeitos especiais.
Ester nos ensina que devemos fazer a nossa parte, pois Deus fará a dele, mesmo que não vejamos nenhum sinal visível.
No fim do livro sabemos que o povo foi salvo, e a conclusão que eu percebo é que Deus não abandona seu povo. Seus desígnios vão se cumprir, mesmo que não vejamos o mar se abrir, mesmo que não passemos sobre o mar nem vejamos os shows da fé.