Quedas e epifanias

Poderia muito bem ser uma cena hollywoodiana: Um pregador e defensor na palavra que infelizmente estava sinceramente enganado viajando para uma pequena cidade onde esperava encontrar os algozes inimigos de sua crença. No meio do caminho se depara com uma luz, cai de sua montaria e acaba encontrando a verdade bem ali, em terra. Quase a totalidade dos leitores saberá que estou falando resumidamente sobre a conversão de Saulo de Tarso.  Judeu, discípulo de Gamaliel que é hoje mundialmente conhecido por seu nome Grego: Paulo
Para aqueles que não o conhecem recomendo que pare de ler este Post agora mesmo e corra ler a Bíblia mais especificamente o livro de Atos dos Apóstolos para que se familiarize com o que falei no início. Seria uma lástima se você terminasse de ler o que escrevi sem ter conhecimento desta linda história.
Recentemente tive a oportunidade de ler a respeito de Karl. Um tenente-coronel aviador que teve o prazer servir como capelão numa casa de saúde para internações de longa duração. Em uma época não muito distante da que foi escrita o texto ele se exercitava regularmente na tentativa de acompanhar a boa forma física dos recrutas. Atualmente, porém ele conduz uma cadeira de rodas visitando cidadãos mais idosos, alguns padecendo de demência ou com atrofia muscular por conta de seu estado de saúde. A história de Karl começou anos atrás quando ele estava andando de bicicleta por uma estrada do Novo México. Tarde de mais para evitar acabou indo de encontro a uma boca-de-lobo travando a roda dianteira o que o arremessou por sobre o guidão indo de encontro ao chão com sua cabeça. Ficou inconsciente até que foi socorrido, mas era tarde, estava paralítico do tórax para baixo. Meses de tratamento, fisioterapia, úlceras ocasionada pela pressão constante em determinadas partes do corpo o fizeram contrair infecções que o hospitalizou durante algum tempo.
Que paralelo posso traçar entre estas duas personagens separadas por aproximadamente dois mil anos?
Para responder contarei mais um pouco sobre a vida de Karl. Enquanto estava hospitalizado, devido às ulcerações ele necessitava mudar de posição a casa duas horas. Em seu quarto foram colocados dois ícones russos na parede. Um retratava a cena do batismo de Jesus no qual nas palavras de Karl “Mostrava como Deus entrou completamente em nosso mundo, nossa pele. Provando tudo o que estou provando aqui, também terminando paralisado, em uma cruz.” O outro mostrava o Deus pantocrator, O Cristo poderoso. A cada mudança de posição ele ficava de frente a uma destas imagens e perguntava-se por quê?
Mesmo sem resposta Karl continua visitando seus amigos necessitados e confessa que após o acidente eles passaram a vê-lo com maior aceitabilidade por estar sempre à mesma altura deles. Mais baixo ele pôde ver as pessoas que ajudava nos olhos, mais baixo ele aprendeu que quando se está no chão não há mais o perigo de tropeços. Assim como Paulo que precisou descer de sua montaria para ver mais de baixo também Karl quer queira ou não aprendeu não por sua escolha a ver o mundo como se estivesse de joelhos.
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