Crentassos do meu Brasil varonil…
Terminei de ler o livro “Outra espiritualidade” do pastor Ed René, onde ele condensa vários pensamentos quanto ao abandonar a espiritualidade do senso comum evangélico, saindo para uma busca da espiritualidade do senso comum da tradição cristã… um livro que vale a pena ler.
segue o capítulo 26 do livro para que reflitam um pouco sobre a contradição dos caminho em que a dita “igreja evangélica brasileira” ainda persiste trilhar.
Soli Deo Glori
A cidade edificada sobre o monte
Pr Ed René Kivitz
ESTE MUNDO VAI DE MAL A PIOR. Os que acreditam que ele vai melhorar precisam ler a Bíblia outra vez. Ou refazer o curso de Teologia. Quem acredita que “o dia de justiça, o dia de verdade, o dia em que haverá paz na Terra, em que será vencida a morte pela vida, e a escravidão enfim acabará” refere-se às possibilidades de estruturação social está iludido.
A teologia da missão integral da Igreja deu passos significativos para que o assistencialismo evoluísse para a solidariedade social da Igreja, levantada pelo movimento chamado “evangelical”, foi além do velho paradigma de “dar o peixe e ensinar a pescar”. Profetizou a necessidade de transformar as estruturas sociais, isto é, lutar pela igualdade de condições entre os pecadores: instrução a respeito de pescaria, acesso aos apetrechos de pesca e às margens dos rios. A visão sistêmica que compreende a interação entre o indivíduo e a sociedade não dá margem para outra postura que não a implicação social da evangelização. Ponto para os herdeiros de Lausanne, Congresso Mundial de Evangelização realizado em 1974, cujas conclusões teológicas sintetizam a teologia da missão integral.
Os discursos a respeito de igreja como agência de transformação histórica e os apelos para que as cidades sejam conquistadas para Cristo foram, entretanto, inseridos nas agendas dos políticos cristãos, distorcendo o próprio propósito do Senhor Jesus para sua Igreja e sei Reino. Boa parte da Igreja Evangélica brasileira (cada dia gosto menos dessa expressão) padece de uma crasso erro hermenêutico: a transposição simples das promessas do Antigo Testamento para o contexto social e histórico atual.
Quero dizer que a promessa de Deus ao povo de Israel – “Se o meu povo que se chama pelo meu nome se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu e sararei a sua terra” (2Cr 7:14) – jamais pode ser aplicada ao Brasil e significar que a terra a ser sarada é a nação brasileira. Deus tinha um povo, e o seu povo tinha uma terra, um projeto de Estado, uma ética social e uma agenda litúrgica em unidade coerente. Isto é, o povo de Israel, habitando na terra da promessa, organizado num Estado regido pela Lei em suas múltiplas dimensões e sujeito ao único e verdadeiro Deus seria luz para todas as nações.
Hoje Deus ainda tem um povo: a Igreja (se você ainda acredita que o povo de Deus é a nação de Israel, leia Gálatas novamente). Mas este povo, a Igreja, não tem uma terra delimitada como espaço geográfico do tipo “território nacional”. Mais do que isso, quando a Igreja fala em “organização social”, não esta falando de um estado de direito, uma ordem social temporal, mas do Reino eterno de Deus, e este não é um reino a ser instaurado na história, mas sinalizado nela. A Igreja não vive sob a promessa de que a sociedade pode ser sarada. Vive sob o imperativo de se oferecer ao mundo como humanidade e sociedade redimida, que se estrutura de maneira alternativa, e por meio de suas relações internas anuncia profeticamente o Reino que virá. Como aprendi com os evangelicais, a Igreja é responsável por manifestar, aqui e agora, a maior densidade possível do Reino que será estabelecido ali e além. Esta manifestação histórica do Reino de Deus, entretanto, não se dá pela cristianização da sociedade – ou, como pretendem alguns, pela tomada do poder temporal.
A Igreja – leia-se “comunidade cristã local” – é uma cidade edificada sobre o monte, uma luz na escuridão que, inserida na sociedade corrompida e vivendo em meio a uma geração perversa que se opõe a Deus e é inimiga da cruz, funciona como um sinal do Reino que virá. Não se iluda esperando que o Brasil inteiro um dia fique iluminado. Ele, assim como todo o mundo, continuará em trevas. Mas, em meio a essas trevas, viva em comunidade, uma comunidade que “vive o que prega para que possa pregar o que vive”, de modo que sua luz brilhe diante dos homens e eles glorifiquem nosso Pai que está no céu.
A teologia da missão integral da Igreja deu passos significativos para que o assistencialismo evoluísse para a solidariedade social da Igreja, levantada pelo movimento chamado “evangelical”, foi além do velho paradigma de “dar o peixe e ensinar a pescar”. Profetizou a necessidade de transformar as estruturas sociais, isto é, lutar pela igualdade de condições entre os pecadores: instrução a respeito de pescaria, acesso aos apetrechos de pesca e às margens dos rios. A visão sistêmica que compreende a interação entre o indivíduo e a sociedade não dá margem para outra postura que não a implicação social da evangelização. Ponto para os herdeiros de Lausanne, Congresso Mundial de Evangelização realizado em 1974, cujas conclusões teológicas sintetizam a teologia da missão integral.
Os discursos a respeito de igreja como agência de transformação histórica e os apelos para que as cidades sejam conquistadas para Cristo foram, entretanto, inseridos nas agendas dos políticos cristãos, distorcendo o próprio propósito do Senhor Jesus para sua Igreja e sei Reino. Boa parte da Igreja Evangélica brasileira (cada dia gosto menos dessa expressão) padece de uma crasso erro hermenêutico: a transposição simples das promessas do Antigo Testamento para o contexto social e histórico atual.
Quero dizer que a promessa de Deus ao povo de Israel – “Se o meu povo que se chama pelo meu nome se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu e sararei a sua terra” (2Cr 7:14) – jamais pode ser aplicada ao Brasil e significar que a terra a ser sarada é a nação brasileira. Deus tinha um povo, e o seu povo tinha uma terra, um projeto de Estado, uma ética social e uma agenda litúrgica em unidade coerente. Isto é, o povo de Israel, habitando na terra da promessa, organizado num Estado regido pela Lei em suas múltiplas dimensões e sujeito ao único e verdadeiro Deus seria luz para todas as nações.
Hoje Deus ainda tem um povo: a Igreja (se você ainda acredita que o povo de Deus é a nação de Israel, leia Gálatas novamente). Mas este povo, a Igreja, não tem uma terra delimitada como espaço geográfico do tipo “território nacional”. Mais do que isso, quando a Igreja fala em “organização social”, não esta falando de um estado de direito, uma ordem social temporal, mas do Reino eterno de Deus, e este não é um reino a ser instaurado na história, mas sinalizado nela. A Igreja não vive sob a promessa de que a sociedade pode ser sarada. Vive sob o imperativo de se oferecer ao mundo como humanidade e sociedade redimida, que se estrutura de maneira alternativa, e por meio de suas relações internas anuncia profeticamente o Reino que virá. Como aprendi com os evangelicais, a Igreja é responsável por manifestar, aqui e agora, a maior densidade possível do Reino que será estabelecido ali e além. Esta manifestação histórica do Reino de Deus, entretanto, não se dá pela cristianização da sociedade – ou, como pretendem alguns, pela tomada do poder temporal.
A Igreja – leia-se “comunidade cristã local” – é uma cidade edificada sobre o monte, uma luz na escuridão que, inserida na sociedade corrompida e vivendo em meio a uma geração perversa que se opõe a Deus e é inimiga da cruz, funciona como um sinal do Reino que virá. Não se iluda esperando que o Brasil inteiro um dia fique iluminado. Ele, assim como todo o mundo, continuará em trevas. Mas, em meio a essas trevas, viva em comunidade, uma comunidade que “vive o que prega para que possa pregar o que vive”, de modo que sua luz brilhe diante dos homens e eles glorifiquem nosso Pai que está no céu.
[reprodução do texto autorizado pelo autor]