Baby volta ao Brasil

O que acho meio chato na música cristã brasileira, é que os caras que não apelam pro óbvio (e quando falo óbvio não falo só do gospel, mas também da música de qualidade que até quem não é cristão identifica como música cristã) e tentam fazer algo diferente sempre acabam caindo naquela linha meio Clube da Esquina ali dos anos 70 de Minas Gerais ou num roquenrol já que Resgate, Oficina G3 e alguns metaleiros converteram esses ritmos nos anos 80 e 90. A Banda Crombie não foi diferente, apesar de já ter uns elementos anos 2000 Los Hermanos e tal, os caras caem num estilo que é uma espécie de repaginação pós-moderna daquilo que os Vencedores para Cristo começaram a fazer nos anos 70, só que com letras diferentes, não pensadas para o momento de louvor do culto.

Não que o Clube da Esquina seja uma má referência, Milton Nascimento e Lô Borges estão entre o que há de melhor de música já feita nesse planeta, mas existe mais coisa no Brasil além da música mineira dos anos 70. Pra mim parece que a igreja brasileira sofre duma espécie de processo de conversão, aos poucos alguns vão se arriscando em diferentes áreas, primeiro são demonizados e depois de um tempo isso é convertido ao cristianismo brasileiro e é imitado até a exaustão (interessante que isso não é exclusivo à música cristã brasileira, o mesmo acontece no rap com um monte de gente que rima muito parecido com o Mano Brown ou com um jeito Racionais de fazer rap, um monte de gente imitou Tupac e Notorius BIG nos anos 90 nos Estados Unidos e, pra não ficar só no rap, tem um monte de gente fazendo samba a lá Seu Jorge ou um monte cantora a lá Gal Costa, Elis Regina ou Maria Bethânia no Brasil).

Porém, agora aparece uma Baby Brasil que, até então, tinha optado por cantar só música gospel e volta com um show comemorativo cantando aquilo que ela fez de melhor — não sei se por acaso, mas também com um repertório feito nos anos 70, mas muito mais elétrico que seus contemporâneos mineiros. Quem convenceu ela a voltar pra essas músicas foi um dos seus filhos, guitarrista como o pai Pepeu, Pedro Baby disse pra mãe olhar pra trás e ver que toda a música dela tinha uma parada meio espiritual, mesmo antes dela se converter (detalhe interessante, esse filho, até onde eu sei ao menos, não é cristão). Esse legado espiritual Baby não tinha como negar e de volta aos palcos vem ela, agora como serva assumida de Cristo, cantando algumas das melhores músicas já feitas nesse país.

Quem sabe Baby com seus 60 anos, é capaz de dar uma mexida na música cristã brasileira de tal forma a converter até os demonizados tambores afro-brasileiros e trazê-los de volta a cantar Hosana ao filho de Davi que desce o morro sentado num burrico.

A igreja brasileira precisa dar as mãos e dançar em roda cantando uma ciranda, pois afinal é isso que somos: latinos e brasileiros, temos nas nossas mãos os tambores eletrônicos e Deus claramente nos deu a ordem vão e tomem conta da terra, e não podemos deixar que aquilo que existe de bom seja crédito do inimigo, quando ele não tem nem capacidade de ser criativo como nós, humanos e brasileiros.

Kyrie eleison

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