Esse homem, coitado, é um daqueles especialistas, mas não um bom especialista, um especialista num assunto que ele discorda profundamente.
Esse homem, um cristão responsável e muito bem quisto por seus colegas, é; internamente, um homem triste porque passa muito tempo preocupado com os rumos do evangelho e acaba, naturalmente, esquecendo de fazer aquilo que realmente gosta.
Esse homem é um daqueles defensores da sã doutrina, não um fundamentalista qualquer, desses que de tanto defender algo ficam cegos pelo próprio fundamento, mas um homem legitimamente preocupado, tão preocupado que gasta horas e horas estudando aquilo que detesta com todas suas forças. Tenho pena desse homem, porque de tão preocupado, dificilmente solta um sorriso. Não poucas vezes, já lhe disse: “Homem, gaste um tempo com algo que te dê prazer, largue disso que você tanto detesta, alegre-se, pois a vida é bela!” O homem me responde com um sorriso amarelo: “Não posso, isso pode dominar nossa sã Igreja de forma destruidora, preciso conhecer o inimigo em todos os seus milímetros!”
Esse homem, um dia desses, chegou com o rosto encharcado de lágrimas e disse: “Amigo, acho que o Diabo está vencendo, estou começando a simpatizar com aquela doutrina que detesto tanto!” Respondi: “Homem, será que não é Deus te falando que ele se manifesta de formas inimagináveis? Será não é Deus quem quer lhe abrir a cabeça para que você entenda as coisas mágicas e maravilhosas que você deixou passar por se especializar naquilo que sempre odiou? Será que Deus não quer lhe ensinar que você sempre esteve equivocado nas suas certezas sobre a sã doutrina?” Enxugando as lágrimas, quando os soluços começaram a diminuir, o homem percebeu que suas certezas tinham caído por terra, e só lhe sobrava uma coisa “Deus é bom! E eu sou carente de sua graça…”
Esse homem, hoje trocou sua face casmurra e carrancuda por um simples sorriso e despretensioso. Hoje em dia, ao invés de lutar contra aquilo que pode destruir nossa sã Igreja, semeia o amor e a esperança, não tem mais Jesus como um mestre, que falava às multidões, mas tem Jesus como um amigo companheiro que caminha ao seu lado, transformando vidas e salvando pessoas da perdição.
Esse homem, que antes lutava contra forças que ele considerava perigosas, decidiu lutar a favor do próximo, não contra suas ideias erradas, mas a favor do homem carente de amor e de graça.