Os últimos meses foram de bastante instabilidade política no leste europeu. A crise foi desencadeada após decisão do então presidente ucraniano em não assinar um acordo com a União Europeia, mesmo após anos de negociação para a Ucrânia passar a integrar o bloco, levando milhares de ucranianos às ruas de Kiev, a fim de pressionar o presidente para que mudasse sua ideia. O resultado foi muito triste, deixando a nós – ocidentais – atônitos e apreensivos ante a repressão e a violência que tomou conta da Praça da Independência. Em dezembro, Rússia e Ucrânia anunciaram um acordo em que os russos comprariam US$ 15 bilhões em títulos do governo ucraniano e diminuir o preço do gás russo vendido à Ucrânia. A Ucrânia precisa do gás russo como fonte de energia, além dos fortes laços econômicos que tem com a Rússia (boa parte das exportações tem a Rússia como destino). Mas se adentrasse ao bloco europeu, receberia vários incentivos para fortalecer sua agricultura e sua economia. Contudo, precisaria passar por uma série de exigências do FMI a fim de refinanciar dívidas. Muita tensão.
Após a deposição do presidente ucraniano, e a assunção do novo presidente interino (mais tendente a firmar o tratado com a UE, ainda não
sabemos…), a Rússia decidiu agir, e fez uma movimentação militar para proteger os cidadãos russos que são maioria e moram na península da Crimeia. Além disso, já possuía uma base militar na Crimeia – uma península no Mar Negro, onde fica um dos principais portos da Rússia (o único que não congela). A fim de não perder um dos seus principais pontos estratégicos na Europa (como ponto de escoamento de produção e também ponto estratégico militar), envolveu-se no movimento a fim de declarar a região independente da Ucrânia, e anexá-la à Federação Russa. Isto porque, com a deposição do presidente, diversos acordos já assinados com a Rússia ficam em risco, e gera instabilidade também à Rússia. A Crimeia tem dois milhões de habitantes, dos quais cerca de 60% são russos, 24% ucranianos e 12% tártaros.
Ontem, Putin e os líderes da Crimeia e Sebastopol assinaram o tratado anexando a região à Rússia. Através deste documento, tanto a Crimeia como Sebastopol (onde fica a base russa no Mar Negro) integram a Federação Russa, isto após os três parlamentos (da Rússia, da Crimeia e de Sebastopol) aprovarem o tratado.
A crise é complexa, há prós e contras em tanto do lado da UE como da Rússia. Esta é uma pequena explicação – aproximada – do que tem ocorrido no leste europeu, até onde foi possível me informar. O fato é que a população vem sofrendo, há meses. Entendo que devemos carregar os fardos uns dos outros, não somente com nossos irmãos aqui perto, mas com nossos irmãos ucranianos e russos. Somos um corpo, com eles também. As dores deles são nossas, e as injustiças e as violências por que eles passam deveriam nos incomodar. Por isso, peço que todos nós oremos pela Ucrânia, oremos pela Crimeia e pela Rússia, oremos pelo fim da violência e da instabilidade, oremos para que haja uma solução pacífica para os conflitos na região, e que a população possa ser efetivamente respeitada em seus direitos.
(Fontes: BBC Londres, Brasil de Fato, Diário do Centro do Mundo)