“Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vocês” (Mateus 5:11).

Essa é a última das “bem-aventuranças”, mensagem de esperança de Jesus para aqueles que sofrem, a forma como Ele começa sua mais famosa pregação, conhecida como “Sermão do monte”.

É sempre bom lembrar que, ao falarmos de cristianismo e interpretarmos a aplicação das palavras de Jesus ao nosso contexto, não desconsideramos toda a história da cristandade que está aí pra completar 2.000 (DOIS MIL) anos. Não somos o alecrim dourado centro de toda a história da criação. E mesmo atualmente é necessário realizar um recorte bem especifico dependente do contexto, de forma que a experiência cristã de um brasileiro hoje é muito diferente de um cristão na Nigéria, na China e no Afeganistão.

Isto posto, em nosso recorte histórico/geográfico, quem nos insulta, persegue e diz todo tipo de mal contra nós, cristãos? O Porta dos Fundos? Ah, por favor!

Uma breve navegada pelo chorume das redes sociais nos expõe a muitas agressões dirigidas aos discípulos de Jesus. Não aos coaches, empresários e políticos religiosos, mas a pessoas que, por amor a Cristo, se dispõe a abrir mão de si mesmo para socorrer o órfão, a viúva e o estrangeiro, se dispõe a denunciar a violência e a desigualdade, se dispõe a chorar e lamentar pelos perdidos e oprimidos, se dispõe a caminhar com os maltrapilhos e indesejados, se dispõe a amar ao próximo graciosamente e despretensiosamente.

Essas agressões não são oriundas de gente que odeia Jesus Cristo, pelo contrário, elas têm uma cruz tatuada no corpo; não odeiam a Bíblia, elas sabem de cor João 3:16 e mantém o livro aberto no salmo 23 pra “proteger a casa”; elas não odeiam a igreja, porque vão todos os domingos ao templo ver seus amigos, pedir suas bençãos e cantar musicas emocionadas. As pessoas dispostas a agredir, insultar, perseguir e mentir são “cristãs”, são pessoas “de bem”.

Novamente é necessário o exercício de não se considerar especial demais, porque Jesus completa a frase dizendo: “Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa no céus, pois da mesma foram perseguiram os profetas que viveram antes de vocês” (Mateus 5:12).

Quem perseguiu os profetas? Quem perseguiu e condenou Jesus Cristo?

Ele não diz “da mesma forma perseguiram a nossa nação”, porque quem perseguia os profetas, aqueles que tinham o encargo de denunciar ao povo sua própria corrupção, era a nação escolhida.

Foi o filósofo indiano Jiddu Krishnamurti que disse “não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente”. E se é por amor ao Cristo e ao Evangelho que somos insultados mesmo vivendo em uma sociedade majoritariamente “cristã”, então estamos no caminho certo, estamos no grupo de Cristo e dos profetas, somos bem-aventurados.

Texto por Hernani Medola.