Meu nome é Giancarlo Marx e hoje eu vou falar sobre o tema Só Depois do Carnaval.
É fato que o ambiente evangélico é (ou tenta ser) hermético a manifestações culturais impregnadas de liberdade, como por exemplo o Carnaval. Pra um crente típico, tudo nesta data tem a ver com pecado. A dança, o ritmo, o figurino, os corpos à mostra, os temas…
Não raras vezes o grupo de Whatsapp da igreja fica eufórico quando algo dá errado no desfile das escolas de samba. Seja um equipamento que falha, uma alegoria que desmancha no meio da passarela, ou até mesmo um carro que, desgovernado, atinge alguém. É um tipo de revanchismo em que se comemora o menor deslize. E a custo de quê?
Não obstante o Carnaval tem influência direta na nossa vida de crente, e nos conduz a um pecado que pouco tem a ver com os impulsos instintivos da promiscuidade sexual. Me refiro aqui ao pecado da procrastinação.
Afinal, o Brasil só começa a trabalhar depois do Carnaval.
E ainda que a gente seja muito rápido pra chamar de “mundano” um evangélico que decide eventualmente curtir a folia nesses dias de festa nacional, o nosso “pecadômetro” parece silenciar para aquele irmão que reproduz o discurso e a prática de postergar seus compromissos mais importantes pra só depois do fim da festa.
O Carnaval é uma festa criada pra antecipar o período de contrição da Quaresma, que por sua vez precede a celebração da Páscoa. Então não dá pra esperar encontrar na Bíblia instruções objetivas sobre o comportamento de um discípulo de Jesus diante deste evento.
Ainda assim, eu não consigo ignorar a ligação entre uma certa instrução de Tiago (irmão de Jesus) e esse costume que temos de protelar mudanças mais do que urgentes usando o Carnaval como pretexto.
Tiago 4:13-17 diz:
Prestem atenção, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos a determinada cidade e ficaremos lá um ano. Negociaremos ali e teremos lucro”.
Como sabem o que será de sua vida amanhã? A vida é como a névoa ao amanhecer: aparece por um pouco e logo se dissipa. O que devem dizer é: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isso ou aquilo”. Caso contrário, estarão se orgulhando de seus planos pretensiosos, e toda presunção como essa é maligna.
Lembrem-se de que é pecado saber o que devem fazer e não fazê-lo.
O engano aqui é duplo.
Primeiramente porque não temos gerência sobre todas as possibilidades que o amanhã nos reserva. Comprometer-se em começar amanhã (ou mesmo só depois do Carnaval) é o mesmo que assumir o risco de não fazer aquilo que sabemos ser necessário. Em alguns casos extremos pode-se imaginar que até estamos de certo modo contando com esta possibilidade, de que algo aconteça pra que a gente não precise se mover ou se esforçar pra cumprir a tal promessa.
Tiago chama este tipo de pensamento de “presunção diabólica”.
Em segundo lugar, o irmão de Jesus toca na raiz da procrastinação, que é o pecado da omissão.
Ao longo de seu ministério, Jesus denunciou diversas vezes a negligência como pecado. Na maioria delas por meio de suas famosas parábolas. Mas como nós desenvolvemos certa imunidade a esta linguagem, Tiago resolve a questão com uma abordagem direta: Se você sabe o que é certo e não o faz, isso é pecado. E aqui eu digo mais, prometer não é fazer. Então neste caso a intenção não conta. É preciso agir.
É do mesmo Tiago a máxima: a fé que não produz ação, é morta. (Tiago 2:14)
Se Deus quiser vamos fazer muitas coisas este ano. Mas isso não justifica a nossa indolência diante daquilo que podemos fazer agora.
Um ótimo 2023 pra você, forte abraço, e até o próximo Ampulheta (se Deus quiser).
PARTICIPANTES:
– Giancarlo Marx
COISAS ÚTEIS:
– Duração: 5m06s
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– Todos os “Ampulheta”
CITADOS NO PROGRAMA:
– Tiago 4:13-17
– Tiago 2:14
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