Meu nome é Giancarlo Marx e hoje eu vou falar sobre o tema Comunhão.
O Salmo 133 é um daqueles clássicos, que a gente decora desde muito cedo na caminhada de fé. Ele faz parte de uma coleção chamada de “Cânticos da subida”, que eram cantados pelos judeus enquanto se dirigiam a Jerusalém para as festividades.
Como é bom e agradável quando os irmãos vivem em união! Pois a união é preciosa como o óleo da unção, que era derramado sobre a cabeça de Arão e descia por sua barba, até a bainha de suas vestes. É revigorante como o orvalho do monte Hermom que desce sobre os montes de Sião. Ali o Senhor pronuncia sua bênção e dá vida para sempre. – Salmos 133
Os três versos que compõe o salmo se encontram mais para o final da coleção, o que nos leva a crer que ele é quase que um salmo de despedida dessas festividades. O salmista está então valorizando aquele momento que acabaram de ter juntos e aguardando um reencontro em breve.
Essa questão do reencontro fica registrada em uma palavrinha no final do versículo 1 que não é traduzida em nenhuma das versões da bíblia em português que eu conheço. Trata-se da partícula hebraica “gam”, que poderia ser traduzida como “novamente”. Então a tradução livre seria “Como é bom e agradável quando os irmãos vivem juntos novamente!”, dando a entender que este é um encontro social, de comer e morar juntos a cada certo tempo.
A partir daí, o salmista vai comparar este encontro dos irmãos a duas metáforas. Na primeira ele cita óleo derramado sobre Arão, o sumo sacerdote. Esta metáfora aponta para uma visão sacerdotalista da fé e da vivência religiosa dos hebreus. Arão, como mediador entre a bênção que vem de Deus e o povo.
Já no terceiro verso, ele aparentemente refuta esta ideia, com uma outra metáfora: a do orvalho sobre o monte Hermon, que desce sobre todos os montes de Sião. Selvagem, incontrolável e sem mediação.
Esta comparação entre as duas metáforas é importante pra entendermos o conflito instalado neste salmo.
De um lado a mentalidade sacerdotal, que elege um ser humano especial (o sacerdote) através do qual Deus abençoa todo o povo. E do outro a mentalidade plural, em que a bênção de Deus é posta na própria união dos irmãos. Algo comum (pra não dizer banal) como o orvalho que desce numa montanha.
Dá então pra concluir que o autor propõe que bênção e a vida sobre a unidade seguem a mesma lógica incontrolável e passageira do orvalho. Não se sabe quanto tempo durará, nem quando vai chegar, muito menos com qual intensidade. Só sabemos que nenhum mediador humano irá controlá-la.
E você, com qual das duas metáforas mais se identifica?
Um forte abraço e até o próximo Ampulheta.
PARTICIPANTES:
– Giancarlo Marx
COISAS ÚTEIS:
– Duração: 4m38s
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CITADOS NO PROGRAMA:
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