Sodomia | Ampulheta 57

Meu nome é Giancarlo Marx e hoje eu vou falar sobre Sodomia.

Imagem de fundo com uma ampulheta em preto e branco. Na frente o nome do podcast (Ampulheta) escrito em laranja e cercado por um quadro também em laranja. No canto superior esquerdo, está escrito "57", referente ao número do episódio. No canto inferior direito está escrito o título do episódio: Sodomia. Abaixo do título do episódio está escrito o nome do autor: Giancarlo Marx.

É isso mesmo, você não ouviu errado. Este termo é comumente utilizado como sinônimo da prática homossexual masculina, mas será que é sobre isso mesmo que ele se trata?

A associação que fazemos historicamente dos moradores de Sodoma com a prática homossexual, se deu por causa um episódio em que Ló, um morador da cidade, recebeu dois anjos em sua casa, e os moradores locais bateram em sua porta para hostilizá-los. Essa história se encontra no capítulo 19 de Gênesis. O verso 5 diz:

“Gritaram para Ló: Onde estão os homens que vieram passar a noite em sua casa? Traga-os aqui fora para nós, para que tenhamos relações com eles!”.

O relato bíblico diz que Ló foi para fora de casa e chegou a oferecer suas duas filhas, que eram noivas, a fim de poupar os hóspedes (sinceramente, não sei qual a parte mais triste dessa história) mas os sodomitas não aceitaram e partiram pra cima de Ló. Para salvá-lo, os anjos puxaram Ló de volta para dentro de casa, e trancaram a porta. Os agressores forçaram para entrar, mas os anjos os cegaram e eles desistiram.

E pela manhã, a cidade de Sodoma foi engolida por fogo e enxofre, enquanto Ló e suas filhas se abrigavam em um vilarejo próximo, chamado Zoar.

E de todo o absurdo que compõem esta história, por muitos anos, a leitura óbvia foi a de que os sodomitas eram homossexuais.

Bom, parece ser inegável que os sodomitas pretendiam abusar sexualmente dos dois anjos (que na cabeça deles eram apenas dois estrangeiros humanos) mas, como dizem os especialistas em segurança, é necessário distinguir o abuso sexual da afetividade. Ou seja, dá pra deduzir pelo texto que os sodomitas eram estupradores, mas daí pra concluir que eles eram homoafetivos, este seria um salto hermenêutico bastante arriscado, pra dizer o mínimo.

Um estupro é uma agressão. Uma violência das mais baixas. Seja ele entre pessoas do mesmo sexo ou de sexos diferentes. E era com este tipo de violência que os sodomitas tratavam as pessoas mais vulneráveis, como os pobres e os estrangeiros. Aparentemente este foi o pecado de Sodoma, que causou indignação em Deus, especialmente de acordo a profecia que encontramos em Ezequiel 16:49-50:

“Sodoma cometia os pecados de orgulho, glutonaria e preguiça, enquanto os pobres e necessitados sofriam. Era arrogante e cometia pecados detestáveis, por isso eu a exterminei, como você viu.”

Perceba que, em nome da hospitalidade, Ló chegou a oferecer suas filhas no lugar dos estrangeiros (o que poderia nos levar a um debate sobre a objetificação das mulheres também). Mas o fato é que o cuidado com o desterrado parecia ser uma prioridade pra ele. Enquanto que para os moradores locais, aqueles dois homens estrangeiros, aparentemente indefesos, eram nada mais que uma oportunidade para um ato brutal.

No dia 28 de junho celebra-se o Dia do Orgulho LGBT. A data foi fixada porque neste dia, no ano de 1969, aconteceu a Revolta de Stonewall Inn, quando os gays de Nova York resolveram se manifestar publicamente contra o tratamento abusivo que sofriam, especialmente por parte dos policiais daquela cidade americana. Esta data é considerada o marco zero na luta pelos direitos civis das pessoas LGBTQIA+.

Sei que este é um assunto espinhoso para nós cristãos, mas ainda assim gostaria de aproveitar esta ocasião para concluir este episódio propondo que façamos uma reflexão sincera sobre a igreja, os gays e o relato de Ló em Sodoma.

Sabemos que Deus destruiu aquela cidade por causa da maneira arrogante e preguiçosa como seus moradores trataram os estrangeiros, diferentes e vulneráveis. Transpondo esta mesma ideia para os dias de hoje, o que dizer do desprezo que demonstramos pelas causas (justas) dos homossexuais, como o direito de acesso à pensão, o direito de constituírem família, o direito à saúde e à segurança (uma vez que boa parte deste grupo tem uma expectativa de vida 50% menor que a média nacional), e tantos outros direitos.

Pensando bem, será que hoje os sodomitas não seríamos nós?

Um forte abraço, e até o próximo Ampulheta.

PARTICIPANTES:
– Giancarlo Marx

COISAS ÚTEIS:
– Duração: 6m26s
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Todos os “Ampulheta”

CITADOS NO PROGRAMA:
Gênesis 19:5
Ezequiel 16: 49-50

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