Meu nome é Giancarlo Marx, e hoje eu vou falar sobre o tema: O perdão e a cura.
A igreja frequentemente acerta no diagnóstico, mas erra no tratamento. Ela diz que o problema do mundo é o pecado, no que eu creio que ela tem razão, mas a solução que ela dá para este problema na maioria das vezes não passa de uma troca de rito religioso.
Ouvi esses dias atrás o Mano Brown falar no podcast dele, Mano a Mano, sobre a experiência religiosa de sua mãe, Ana Soares, que faleceu em 2016, vítima de um infarto. A uma certa altura da vida, esta senhora percebeu que sua vida não prosperava, financeira e socialmente e, como era adepta do candomblé, convenceu-se de que o problema estava aí. Então ela renegou suas raízes de matriz Africana e se tornou evangélica, seduzida pelo discurso doce e proselitista da teoria da prosperidade financeira.
Mas se você ouve o Ampulheta há algum tempo, já deve ter notado que eu não tenho grande apreço por esta visão idolátrica da fé cristã. Essa ideia de que obediência ao rito e bênção devem ser tratadas como causa e efeito. No meu entendimento, isso não passa de uma falsa causalidade. Ou, pra usar o chavão científico que ficou famoso, uma “correlação espúria”.
Existe inclusive um site que brinca com essas coincidências (da vida, e não da religião) o spuriouscorrelations.com. Se tiver dúvida na grafia, vai no nosso post no Crentassos, e dá logo um pageview, e clica no link. Neste site, há gráficos cheios de correlações absurdas como a idade das Miss America e o número de pessoas que morrem por queimaduras graves nos Estados Unidos. Ou a incidência de filmes do Nicolas Cage e a de acidentes de helicóptero com vítimas. Obviamente nenhuma delas representa causalidade, mas sim mero acaso mesmo.
Nos tempos de Jesus havia uma forte crença em uma dessas correlações espúrias: A de que as doenças eram sinal de algum pecado.
Há aquela passagem famosa em que, diante de um cego de nascença, os discípulos questionam a Jesus: “Rabi, porque este homem nasceu cego? Foi por causa de seus próprios pecados ou dos pecados de seus pais?”. A resposta de Jesus surpreendeu tanto pela quebra do paradigma quanto pela própria revelação da intenção divina, que estava por trás daquela limitação: “Nem uma coisa nem outra. Isso aconteceu para que o poder de Deus se manifestasse nele”. – João 9:2,3
Os pecados são um fato. Uma presença constante na história da humanidade. E pode-se dizer com certo grau de convicção, que o pecado em si é culpado por tudo aquilo de mau e feio que vemos por aí. Porém é bastante reducionista a ideia de que o efeito do pecado recaia diretamente sobre o pecador e seus filhos. Haverão sempre pecadores abastados e justos miseráveis por aí, pra quebrar esta nossa lógica simplista. O livro de Eclesiastes esfrega isso na nossa cara com a eloquência de um manifesto.
Como se não bastasse, Jesus parece brincar com essa expectativa naquele famoso episódio do homem paralítico, carregado por seus amigos através do telhado da casa onde estavam reunidos Jesus, os discípulos, e um grande número de curiosos. Este texto encontra-se em Marcos 2:1 a 13.
Dias depois, quando Jesus retornou a Cafarnaum, a notícia de que ele tinha voltado se espalhou rapidamente. Em pouco tempo, a casa onde estava hospedado ficou tão cheia que não havia lugar nem do lado de fora da porta. Enquanto ele anunciava a palavra de Deus, quatro homens vieram carregando um paralítico numa maca.
Por causa da multidão, não tinham como levá-lo até Jesus. Então abriram um buraco no teto, acima de onde Jesus estava. Em seguida, baixaram o homem na maca, bem na frente dele. Ao ver a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, seus pecados estão perdoados”.
Alguns dos mestres da lei que estavam ali sentados pensaram: “O que ele está dizendo? Isso é blasfêmia! Somente Deus pode perdoar pecados!”.
Jesus logo percebeu o que eles estavam pensando e perguntou: “Por que vocês questionam essas coisas em seu coração? O que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Seus pecados estão perdoados’ ou ‘Levante-se, pegue sua maca e ande’? Mas eu lhes mostrarei que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados”. Então disse ao paralítico: “Levante-se, pegue sua maca e vá para casa”.
O homem se levantou de um salto, pegou sua maca e saiu andando diante de todos. A multidão ficou admirada e louvava a Deus, exclamando: “Nunca vimos nada igual!”. Em seguida, Jesus saiu outra vez para a beira do mar e ensinou as multidões que vinham até ele.
Pense comigo. Imagine que alguém te ofendeu. Você está full pistola com essa pessoa. Então um terceiro, que não tem nada a ver com o ofensor nem com você, diz a esta pessoa: Sua ofensa contra o fulano está perdoada. Vai em paz. Isso faz sentido?
É claro que não.
Se alguém tem autoridade para perdoar a ofensa que te fizeram, este alguém é você, e mais ninguém. É exatamente por isso que aqueles homens ficaram tão ofendidos quando Jesus, em nome de Deus, perdoou os pecados do paralítico. Ao fazer isso, Jesus estava afirmando sua autoridade divina.
Então vem a pergunta de Jesus que já rendeu livros teses e pregações em mais de 2 mil anos de história da igreja: O que é mais fácil dizer ao paralítico? Os seus pecados estão perdoados ou levanta, pega sua maca e anda?
Na minha vida cristã já presenciei algumas vezes pessoas sendo curadas milagrosamente. Tantas que eu não seria capaz de enumerar. Eu mesmo já passei por algo assim. O que me leva a crer que afirmar a cura física de alguém (e ela se manifestar de fato) não é algo tão raro. Ao mesmo tempo, não consigo me lembrar de uma vez sequer em que algum milagreiro tenha dito: Seus pecados estão perdoados.
Já vi muitas vezes pastores e pregadores denunciarem pecados. Mas com diagnóstico feito, eles não procedem com o tratamento. Uma vez identificados os pecados, não seria também o nosso papel perdoá-los?
Você pode estar pensando agora: Mas Gian, é em nome de Jesus que as pessoas são curadas. E no poder do Espírito Santo. Ao que eu respondo: E em qual nome, e sob qual poder, os pecados são perdoados? Não seria no mesmo nome? Não seria o mesmo poder?
Tiago, irmão de Jesus, escreveu o seguinte em Tiago 5:16:
Portanto, confessem seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo tem grande poder e produz grandes resultados.
Aquele homem na maca não fez nada para que seus pecados fossem perdoados. Ele não confessou a Jesus, não deu dízimo, não frequentou os cultos, nem mesmo sabemos se ele trocou de religião. Ele sequer foi ao local em que Jesus estava. Seus amigos o carregaram e a fé deles (e não do doente) é mencionada no texto.
Toda a culpa do pecado já foi quitada, da parte de Deus, através do sacrifício do Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo.
Assim, o perdão dos pecados é uma notícia. Aliás, é a Boa Notícia. Aquela da qual o próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo, nos chamou para sermos testemunhas. Em qualquer lugar onde estivermos podemos dizer com paz no coração: Seus pecados estão perdoados.
Acredite, esta oração tem grande poder, e produz imensos resultados.
Um forte abraço e até o próximo Ampulheta.
PARTICIPANTES:
– Giancarlo Marx
COISAS ÚTEIS:
– Duração: 10m20s
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– Todos os “Ampulheta”
CITADOS NO PROGRAMA:
– Podcast Mano a Mano
– Site “spuriouscorrelations.com”
– Site Crentassos
– João 9:2,3
– Marcos 2:1 a 13
– Tiago 5:16
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