Vai Ver o Clipe do Paulo Nazareth

Tô ensaiando escrever sobre esta música e este clipe já faz muuuito tempo. Desde que escutei a música e vi o clipe, achei que ele viraria um bom texto e uma boa indicação aqui no site. Em todas as vezes que comecei a escrever, percebi que não conseguia expressar muito bem o que essa música/clipe traz para mim. Maaaaas, não dá pra deixar passar essa coisa linda.

As primeiras lembranças que tenho do Paulo Nazareth são com o Crombie, que vira e mexe tá tocando lá em casa, no carro ou no fone. Aliás, o Crombie é um daqueles casos que merece um texto/série/podcast com dedicação especial aqui no site. Quem sabe né? Vai que até o Paulo Nazareth topa participar. ; )

Hoje o Paulo segue carreira solo e volta meia solta uma música própria nova, uma participação em música de outro artista, mas sempre algo que vale a pena parar pra escutar. Fechar o olho, dar o play e ficar SENTINDO cada acorde, cada verso e cada ideia passada e entrelaçada por dentro da letra. Sou muito sincero em dizer que atualmente um bom lugar onde encontro paz, são nas composições do Paulo Nazareth.

E eis que em setembro desse 2018 de nosso Senhor Jesus Cristo, surge no Youtube um clipe MARAVILINDO junto com uma canção que mistura um monte de sentimentos e pensamentos.

Vai Ver.

Ahhh essa melodia que já chega te embalando e te envolvendo como um cobertor quentinho. Eu admiro muito quem consegue compor canções que são extremamente leves, mas que nos momentos chaves sobem e ganham peso na hora certa. Esse é o nosso caso aqui. “Vai Ver” não é suave o tempo todo, ela cresce. E quando ela cresce, ela é forte. E mesmo forte ela continua suave. Usando mais metáforas, ela é como uma brisa em um dia quente. É um vento leve, mas forte o bastante pra te animar novamente.

Quero falar de letra e clipe do forma separada.

Antes disso, quero lembrar que a chance da minha interpretação da letra/clipe não ter nada com a proposta do artista é gigante. E essa é umas das graças graciosas da arte. Vou dizer o que ela significa em mim.

Eu leio essa letra como uma compreensão, um amadurecimento sobre si em um relacionamento. Não necessariamente um relacionamento amoroso. Pode até se ver como um relacionamento humano com Deus (pode sim!). A leitura que eu mais me aproximo é a de um relacionamento amoroso, de convivência, de casamento. Talvez seja uma influência pela história do clipe? Talvez. Um amadurecimento após uma ruptura? Pode ser. Mas o que eu quero apresentar aqui é um ponto de vista sobre o trilhar de um casal, que já está um bom tempo junto, crescendo e amadurecendo. Estou sendo influenciado por minha própria experiência de vida? Com certeza!

A rotina, os afazeres e a própria maluquice do ser humano faz com que por mais que amemos uma pessoa com a maior intensidade e racionalidade possíveis, em muitas vezes nos distanciemos dela em espírito, pensamento e atenção. Entramos no mundinho da nossa cabeça e não percebemos a vida passando do nosso lado ou na nossa frente. Nisso a gente perde o tato. Nosso companheiro se machuca com nossa ausência e perdemos o passo, o timming da caminhada. Acontece. Nossa humanidade.

A máxima do tempo que não volta é uma certeza. Não se corrige o passado. Mas dá pra compreender, aprender e reconhecer os vacilos.

Hoje, parece que é mais fácil a gente se perder “na gente” mesmo. Se fechar dentro da própria cabeça, do próprio usuário ou das próprias “sugestões pra gente que assistiu tal coisa” e não ver o parceiro que tá ali do nosso lado. Quando dá o clique na nossa cabeça, o ponteiro do relógio deu a volta. É hora do “aperto de saudade” surtir efeito. E assim como a música na letra e na melodia vai subindo uma escadinha, é hora de  “acertar o passo, encarar o que for, dividir a vida, cultivar o amor”.

Relacionamento é isso. Um constante acerto de passos, encarar de dificuldades, divisão de tempo de vida e um cultivo bem adubado de amor.

Se relacionar não é simples e isento de machucados, mas vale cada momento (mesmo os perdidos). E é aí que a música fecha maravilhosamente nesse abordagem que eu tentei trazer aqui. Esse refrão que é cantando de uma forma convicta, forte e suave, dizendo que a incerteza do amanhã é uma constante, mas que se entregar a essa incerteza pelo amor, pelo companheirismo, pela relação é a chave. Todos os dias, sem se esquecer de se deixar levar (não pela vida), mas pelo outro (e sendo um pelo outro, os dois são contemplados). Crie a rotina de sempre que possível, sentar, conversar e recalcular a rota do seu relacionamento. Conversem. Sobre tudo e sobre nada. Sonhem, planejem, vivam, ouçam, falem, se amem. Juntos. Lembra do “uma só carne”? É isso. Servir um ao outro. Quando o serviço é mútuo, o fardo é mais “carregável” e o passo anda junto.

O ponto final é com o título da música, que não tá ali pra reforçar na memória e ficar grudada pela repetição. O “Vai Ver” da última frase serve pra assinar, firmar compromisso: vou me deixar levar por você.

O clipe em si é lindo demais. Cada frame pode virar facilmente um quadro ou um papel de parede. A animação é fluída, as cores são lindas e a sensibilidade é incrível. Dá pra SENTIR as expressões dos personagens e lê-los mesmo sem fala ou texto. O adicional dos pássaros é lindo demais. A sutileza na volta do barquinho, passando pelo navio gigantesco e a chegada ao destino, terminando com os passos acertados.

A dica final é: VAI VER o clipe.

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