Uma das minhas grandes dificuldades é em ter uma boa noite de sono. Posso até dormir, mas não descanso. Minha cabeça, às vezes, não pára um segundo sequer e é como se vozes estivessem gritando em meus ouvidos o tempo todo. Vozes que me falam do futuro, do presente e do passado. O passado eu até consigo lidar, mas o presente e o futuro me deixam sem chão. A realidade, nua e crua, não me é atraente e tão pouco me revela esperança. Vejo uma geração de sonâmbulos ou enfeitiçados que pensam estar acordados e não estão. Pensam estar confiantes, mas estão com tanto medo quanto eu.
A Igreja do Senhor Jesus é chamada para ser o despertador, mas tem sido o sonífero. É chamada para ser o Farol que dá esperança ao marinheiro, mas tem sido desligado sua luz ou apagado sua função e, portanto, trazido um desespero generalizado. A Igreja é pra ser um ponto de equilíbrio e sanidade num mundo maluco e descontrolado, porém ela tem se corrompido de tal forma que novos psicopatas estão surgindo e trazido angústia. Ouço gritos de gente que diz que ama, mas está querendo sangue à todo custo. Justiça não tem nada a ver com vingança. Defesa pessoal não tem nada a ver com andar armado. A equação que estão sugerindo para o fim da violência é medo mais armas igual a defesa pessoal! Isso é caos, não é segurança! Isso é medo, não é paz! Isso é insanidade, não é equilíbrio!
Juntar os cacos, fazer a limpeza, contar o prejuízo e propor caminhos novos nunca foi e nunca será uma tarefa fácil. Neemias nos ensina que demanda tempo, planejamento, unidade, resiliência e, acima de tudo, uma palavra de Deus. Essa palavra é uma convicção que não vem de fora pra dentro; ela brota no coração. É uma visão de um panorama que ninguém ainda viu. É uma percepção que é, ao mesmo tempo, libertadora e solitária. Só você está sentindo, no começo. Depois, como um vírus, ela se espalha. Pega os mais vulneráveis. Aqueles donos da verdade não são atingidos! Os fracos, os “rebeldes”, os marginais, os de cara limpa e coração rasgado são arrebatados. O que se viu, não pode ser desvisto e a verdade ecoa na mente como um espinho que lateja a alma. Acordamos!
A realidade que nos foi apresentada, nada mais era que uma maquete, um programa de computador, uma mentira tão bem construída que aceitamos sem questionar. Aqueles que perguntavam, eram considerados loucos; vozes que ecoam no deserto de concreto. Por mais que desejássemos voltar a dormir, não conseguíamos. Não somos donos da Verdade, ela que nos fez seus vassalos! Saímos do feitiço que nos fazia andar em direção ao abismo. Nesse exato momento, caminhamos contra o fluxo de uma multidão de gente em direção a queda livre e estamos os empurrando para impedi-los de seu trágico fim. Murros, chutes, empurrões, cuspes; pensam que estão resistindo a nós!
Não podemos fugir ou mesmo retornar ao caminho que estávamos, até porque quem olha pra trás não é digno Dele. Somos o povo da esperança e da fé. Movidos pelo amor, aceitamos o desafio de recomeçar sempre. Não é só uma questão de coragem; é que a gente não consegue ser outra coisa! Somos a resistência, mesmo tendo momentos de profunda fraqueza. Mesmo desejando, às vezes, voltar a dormir, ir pelo fluxo, desistir; o que foi vivido e ensinado não pode ser escondido ou mesmo manipulado para agradar ou trazer um sabor palatável. Resista! Se você está lendo isso e percebe a angústia de estar num mundo sob encanto e sonambulismo, você é parte da Resistência!
*Texto original publicado no Medium do Cristiano Fiori.
Cristiano Fiori é pastor. Gosta de cinema, livros, games, música, espiritualidade e gente.
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