Músicas do Mundo que Me Edificam #0092 | Vespas Mandarinas – Não sei o que fazer comigo

Passo a bola do Músicas do Mundo que Me Edificam desta sexta, mais uma vez pro Hernani Medola, lá do Telescópio, trazer uma música do mundo que edifica.

Vespas Mandarinas é uma banda paulistana e essa música está no seu álbum de estreia. É uma versão da música “Ya No Sé Qué Hacer Conmigo”, da banda uruguaia El Cuarteto de Nos.

A letra é longa e apresenta alguém que está cansado de mudar, de buscar uma identidade, uma emoção, um sentimento. Alguém que não se privou de nenhuma vontade e prazer, e no fim das contas não vê sentido em tudo que fez.

Houve um filosofo dinamarquês chamado Søren Kierkegaard, considerado o pai do existencialismo, que em sua teoria definiu três possibilidades de modos de vida para o humano. Vou tentar resumir essa teoria em praticamente um twitt, da melhor forma possível.

Um dos modos de vida é o Estético, onde a pessoa busca seu sentido existencial na satisfação de seus prazeres e desejos, mas, por ser efêmero e passageiro esse prazer, a pessoa acaba por se tornar vazia, insaciável, e cai no desespero.

O segundo modo de vida é o Ético, o oposto do estético, onde o indivíduo busca sua satisfação no que é justo, correto, “legal”, ortodoxo, nas regras, honra, etc… porém esse modo de vida também é insustentável, porque, além de ser impossível suportar esse rigor, as pessoas, coisas, relacionamentos tornam-se vazios de sentido humano.

Para Kierkeegard a verdadeira razão existencial está no modo Religioso. Não no sentido pejorativo que esse termo ganhou atualmente, mas no aprofundamento do relacionamento sincero com Deus. Quando o indivíduo busca sentido pra vida no Eterno, ele supera o rigor ético e a superficialidade estética pelo paradoxo da graça. O exemplo que Kierkegaard usa é o pai da fé, Abraão. Quando Abraão se dispõe a sacrificar seu próprio filho ele ignorou o prazer estético e o rigor ético sobre o absurdo de matar seu próprio filho por obediência a Deus. Abraão encontrou o sentido acima dos nossos padrões e racionalidade, através da fé.

Peço desculpa pela teorização talvez desnecessária, mas acho sensacional a relação do personagem da música tanto com os padrões éticos como com os estéticos, e a conclusão final dele, de não encontrar satisfação em nada do que experimentou! Talvez a “voz” descrita na música seja o convite de Deus para superar esses padrões em nome de um relacionamento genuíno com Ele.

Pra concluir, sugiro escutar a música e ler o livro do Eclesiastes, especialmente o capitulo 2. Essa é uma música do mundo bíblica, praticamente.

Hernani Correa Medola. Paulistano, cristão e apresentador do programa “Telescópio

*vale lembrar que o Músicas do Mundo Que Me Edificam traz a opinião/visão do colunista a música e não necessariamente é a mesma do autor/artista criador da música.

**você também pode enviar sua contribuição pra esta coluna. Conte pra nós que “música do mundo” que te edifica. Envie sua música e texto para crentassos@gmail.com

 

 

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