#Primeiroassédio – Como o caso da Valentina nos levou a falar sobre estupro e pedofilia.

valentinaTerça-feira começou a Masterchef Junior. Um programa sobre crianças na cozinha. Teria sido lindo, se não fossem os abusadores, os estupradores que começaram a lançar uma chuva de escrotidão em suas timelines a respeito da participante Valentina.

A jornalista Carol Patrocínio fez um post mostrando casos terríveis de tweets que foram lançados em direção a esta menina de DOZE anos. Sim, ela é linda. Mas ela é uma criança. Para ler o post, clique aqui.

A partir do post da Carol, o site Think Olga surgiu com uma campanha no perfil do Twitter delas, a campanha #primeiroassédio .  Esta campanha veio como forma de mostrar que meninas são assediadas desde muito novas, mas também como forma de tantas mulheres expurgarem os fantasmas de assédios sofridos há anos, muitas vezes décadas atrás.

Como mulher, o #primeiroassédio que me lembro foi um primo de 2º grau, mais velho, me espiar tomando banho quando eu tinha 9 anos, uma vez que tive de fazê-lo na casa de minha tia. Tentei me esconder no box, fechar bem a cortina. Tomei banho correndo e depois contei para minha mãe. Assim como na maioria esmagadora de casos de assédio a meninas, minha família minimizou o caso. Aquela foi a primeira vez que tive de engolir minha dignidade, meu orgulho, meu valor, porque minimizaram o que eu vivi. E assim milhões de meninas enfrentam isso. E com esta primeira negativa da família, esta reação tão banalizadora do assédio, muitas meninas aprendem ainda muito novas de que não há o que ser feito a não ser ouvir e viver quieta o assédio e seguir vivendo.

Ler a hashtag é um soco no estômago. Mas toda mulher que lê 3, 5 mensagens, já se identifica, pois nossa vida é vivida à base de fugir do assédio, de se proteger de homens que estão errados. E o pior é o sentimento de nojo de si mesma, de vergonha, de impotência que nos atinge em cheio toda vez que somos assediadas. Por isso tanta empatia entre as mulheres. Nós conhecemos as dores umas das outras. Como coloquei no twitter, o feminismo luta também para que nossas filhas não sejam assediadas e nossos filhos não sejam assediadores.

Por favor, não minimize a dor dos outros. Tenha empatia. E acredite quando sua filha ou filho contar que foi abusado por alguém. De maneira alguma trate isto como natural, pois não há nada natural em ser assediado.

 

O Cristiano fez um Teologia de Boteco com a Luíse, uma das meninas do Think Olga há poucas semanas. Lá, eles falaram sobre assédio em geral, mas vale a ouvida. Link: https://crentassos.com.br/blog/2015/10/chega-de-fiu-fiu-um-papo-com-a-luise-do-think-olga-teologiadeboteco-011.html

 

“Ensinem os homens a não estuprar, e não as mulheres a temer.”

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