Recentemente um sentimento vingativo me aprisionou no ódio. Senti vertigens mentais. Meu coração queimava de tanto furor. Meu corpo tremia ao ouvir aquela voz que me atiçou a ira. Para mim, aquela voz soava como uma corda desafinada de um violão.Possuía-me e as veias dos meus olhos eram como rios de sangue em alta maré. Sentia o pulsar na garganta, aquele que a gente sente quando tem raiva. Minha cabeça só faltava estourar como se houvesse um homem bomba dentro dela.
Pode até parecer exagerado, mas era assim que me sentia até poucos dias atrás.
Dias atrás fui questionada por defender algumas minorias, no sentido político, no meu local de trabalho, e não só questionada por isso, mas por defender e conhecer a bíblia. Deixei bem claro que não falaria mal de ninguém sem conhecer sua história de vida. Fui desmoralizada quando a minha profissão e quanto a minha fé na presença de superiores.
Quanto mais eu pensava no que deveria ter dito àquela pessoa que me desmoralizou publicamente, mais eu me via afogada em ódio e mais me conhecia. Olhava para Deus e dizia o que Ele deveria fazer para me justificar, oras, eu estava defendendo a Sua causa.
Não tinha mais a quem recorrer se não ao bom e velho Deus. Não que ele fosse a última opção, na verdade era a única. Então me senti como naquela cena de Matrix quando Neo encontra o arquiteto. Senti-me numa sala branca sem interferências externas. Sentei-me numa espécie de divã e comecei não a contar-lhe o fato, mas maquinar para ele toda a situação que eu desejava que tivesse ocorrido. Disse a Ele que eu escreveria uma carta. SiM! Uma carta rebatendo todos os argumentos equivocados da pessoa. Escreveria todos os textos bíblicos e explicaria lições de escola dominical. Mostraria a ela que esses anos todos participando de cultos e eventos não eram suficientes para que conhecesse Deus e seus atributos.
Sim, eu sei que não estava errada quanto ao que fui questionada, sabia que, de acordo com os ensinamentos de Cristo e seus passos que eu conhecia muito bem, eu tomara a atitude correta. Irritava-me com o fundamentalismo que me questionava a fé. Irritei-me com as ideias reproduzidas sem conhecimento bíblico. Enfureci-me por estar certa e ser desmoralizada por isso.
Não demorei em notar que aquele sentimento fazia parte do meu dia. “Deus, você não vai fazer nada? Desmoraliza esse “crente” que me questiona quando eu estou certa”. Cada dia mais eu sentia a necessidade de estar no palco enquanto ela estivesse na plateia. Queria que a minha vingança tivesse um gostinho de mel…
Então acordei. Acordei entendendo o motivo do silêncio de Deus. Ele estava me mostrando o paradoxo onde me enfiei: Odiar os que odeiam. Afoguei-me nessa desgraça! Quanto mais dizia pra Deus o que Ele deveria ter me feito falar, mais compreendia a minha derrota.
Então mais uma vez me lembrei de Cristo. Aquele que tão injustamente pagou um preço muito alto para me justificar. Injustiçado, ferido, cuspido e assassinado pelos meus pecados e o mais interessante de tudo, Ele quis. Fez por amor e implorou o perdão do Pai aos pecadores que o crucificavam, “eles não sabem o que fazem”. Que seguidora de araque sou eu se não entender isso? Que cristã sou eu se não compreender o real motivo de estar aqui? “Carregue a sua cruz e me siga”. Que cristã sou eu se não compreender que aqueles que diziam conhecer tanto a Deus mataram Seu Filho?
E saí deste pesadelo; o rio de ódio. Preferi nadar na fonte de águas vivas.
Post de @Nine_Paiva
***Post do leitor é o espaço para os leitores do blog colocarem seus pensamentos e também a porta de entrada do blog para novos editores. Os textos contidos aqui NÃO condizem necessariamente com a opinião dos editores do blog e nem caracteriza a necessariedade de o autor deste texto passar a fazer parte do elenco de editores do blog dos Crentassos.***