Eu, eu mesmo e Cristo #pastorais #pastoral

Mt 27:57-61 Ao cair da tarde chegou um homem rico, de Arimatéia, chamado José, que se tornara discípulo de Jesus.  Dirigindo-se a Pilatos, pediu o corpo de Jesus, e Pilatos ordenou que lhe fosse entregue.  José tomou o corpo, envolveu-o num limpo lençol de linho  e o colocou num sepulcro novo, que ele havia mandado cavar na rocha. E, fazendo rolar uma grande pedra sobre a entrada do sepulcro, retirou-se.  Maria Madalena e a outra Maria estavam assentadas ali, em frente do sepulcro.

 

 

Vejo neste texto duas partes de mim, que nem sempre estão coadunando a respeito da minha fé. Uma parte se chama José de Arimatéia e a outra se Chama Marias.

 

A parte que se chama José de Arimatéia é prática, proativa, fria, sem rodeios, racional. É a parte que clama por respostas claras e objetivas, é a parte que diz: se deu, deu. Se não deu, dane-se. É a parte que clama por direitos, por resultados. É a parte que apela para Deus empunhando a teologia ortodoxa em  e vociferando com a boca espumando de orgulho coloca o seu Senhor dentro de uma caixa e o domestica para que aja segundo a sua crença. É a parte que vai embora quando vê o túmulo e não vê esperança.

 

A minha outra parte se chama Maria (Maria Madalena, Maria de Nazaré, Maria qualquer). Ela assiste pasma a morte do seu Senhor. Não encontra razão na razão e a sua fé não sucumbe às lágrimas, pelo contrário se fortalece. É a parte que não entende que há um fim, mas não consegue explicar por que acredita nisso. É a parte que derrama perfume caro aos pés do seu Senhor num prenúncio de despedida. É a parte que conhece as todas as marcas e sujeiras que estão em sua alma e que ao limpar com lágrimas os pés de seu Senhor amado sente a sua própria alma sendo limpa. Esta é a parte que fica e ao ver o túmulo e  consegue enxergar um até breve.

 

Destas duas partes, que lutam dentro de mim, a que mais me dá alegria é a que se deleita aos pés do seu Senhor ressurreto. A outra parte que luto para extirpar de dentro de mim é a que sempre pede  ao mestre para tocar-lhe as suas feridas pois diante do túmulo vazio a sua fé se esvai. Esta parte precisa morrer. Quem me livrará dela?

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