Por quê eu NÃO SOU universalista…

Existem pessoas que ficam inquietas com a possibilidade da proposta universalista se consolidar como verdadeira… “Seria realmente muito desapontador se no final das contas cada crente fiel tivesse todos os seus sacrifícios jogados num grande lixo espiritual, que cada vez que eu neguei trair minha esposa, cada vez que eu abri mão de cometer algum pecado qualquer, simplesmente fosse ignorado e eu estivesse na fila da entrada do céu do lado de gays, ladrões, adúlteros, umbandistas, e toda essa raça que não adora a Deus em espírito e em verdade, vivendo a vida como querem, sem passar por privações cotidianas santificadoras como nós, cristãos, fazemos… seria realmente muito frustrante”

Não, antes de qualquer coisa, não sou universalista, o título desse texto não é uma pegadinha ou uma arapuca para te fazer acreditar em algo que não é exatamente oq eu penso, e para todos os malas do ask, e a todos os meus admiradores secretos que não cansam de perguntar: NÃO, EU NÃO SOU UNIVERSALISTA…

O universalismo que tantos crentes combatem, não trata apenas de soteriologia, mas aqui neste texto, vamos tratar apenas de um ponto dessa teologia, que é:

“No final das contas, TODOS SERÃO SALVOS, não importa o que você faça ou deixe de fazer”

Essa frase pode não ser a definição mais acadêmica para definir o pensamento universalista, mas de modo geral é assim que a maioria dos teólogos que são contra essa proposta nos apresentam e apenas nessa frase começamos a perceber alguns pontos bem interessantes.

– NO FINAL: parte do principio que a SALVAÇÃO é um tipo de premio, um tipo de COROAÇÃO para aqueles que chegarem ao final de um trajeto arduo de penitencias, privações e lamentos. Alguns poucos conseguirão, pois ser SALVO não é facil.

– TODOS: Não existiria uma classe diferenciada, não existiriam os sacerdotes donos da verdade que podem dar ou reter a verdade para que os demais possam acessar esse lugar de privilégios chamado SALVAÇÃO

– Não importa o que você faça: Não existe nada, nessa teoria, que eu possa fazer de maneira a me aproximar mais de Deus, me tornar mais santo ou mais escolhido para ele.

– Ou deixe de fazer: Nenhuma restrição que eu tenha em vida, pode me tornar mais digno ou mais destacado diante de Deus, não tem nada que eu possa abrir mão para agradar a Deus.

É VISIVEL que a maioria dos cristãos acha a proposta do universalismo repugnante porque ela tira a única coisa que eles tem de bom, o fato de por ATOS ou OMISSÕES se destacarem dos demais, tornando-se uma classe distinta: OS SALVOS. Me perdoe você que acha o universalismo um absurdo, mas faça essa reflexão consigo mesmo e verifique se o seu ódio pelo universalismo é realmente um ZELO por Deus e pelas almas ao seu redor ou e porque se no final das contas Deus acabar chutando a catraca do céu, toda a sua vida de “santidade” foi na verdade um desperdício. Se o universalismo for mesmo a verdade então eu não preciso me guardar em virgindade para a pessoa com quem vou me casar? Não preciso ser honesto? Não preciso nem ser hétero ou fiel? Caramba, seria um sonho né? Bem, se você pensa assim, sinto lhe informar, mas Jesus Cristo disse que quem olha para uma mulher com desejo impuro já cometeu adulterio com ela, ou seja, acha que o universalismo seria a chave para poder viver uma vida regada a “pecados”, desculpe, mas você está indo para o inferno.

Mas tem um ponto ainda mais grave do que isso, e neste ponto, aqueles que julgam que a TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL é um tipo de MARXISMO GOSPEL já podem ir fechando a aba do navegador, pois com certeza irão discordar. A salvação, se encarada APENAS como um premio do final, diminui a proposta do evangelho de Cristo a algo muito inferior ao oq ele realmente é, pois coloca a bíblia como um manual de regras para quem quer receber algo ao final da jornada, não muito diferente do que aqueles pobres-coitados que frequentando uma igreja neo-pentecal, fazem de tudo para receber a benção material… Não há diferença nenhuma entre os dois casos, pois o relacionamento com Deus não é a causa da transformação, mas a recompensa que Deus promete é que é. A biblia não me ensina a SER SALVO, pois a salvação não é por obras ou omissões, antes a biblia mostra como um salvo vive, como um homem que entendeu a realidade mistica de ser componente do corpo de Cristo deve agir e se comportar para manifestar a sua vida de salvação, ou seja, mais que qualquer coisa, a biblia mostra como um SALVO VIVE, como uma pessoa que ENTENDEU o evangelho se comporta, independente do que virá logo a sua frente, independente da recompensa vir ou não, simplemente confiando que o meus Deus que alimenta os passaros e feste os lirios irá suprir suas necessidades até o fim. Assim, a salvação não é algo que vem, mas algo que já está aqui entre nós. Não é uma competição como sugerem alguns arminianos e nem uma loteria como sugerem alguns calvinistas, mas a conversão sincera nos transforma em salvos, hoje, agora, independente do amanhã, pois este está nas mãos de Deus como afirma o calvinista sincero, e a vida do salvo é repleta de obras dignas que não tem o objetivo de se aproximar de Deus, antes, de demonstrá-lo ao mundo.

Não acredito, portanto, no universalismo, não porque tenho raiva de quem não se comporta como eu, ou porque tenho medo de um Deus sádico que vai sortear alguns felizardos para a vida eterna, pois isso seria um demônio e não Deus, antes, não consigo crer no universalismo, porque ainda vejo diariamente, num pais católico como o Brasil, pessoas que não conseguem viver uma vida de liberdade no evangelho sobre tudo porque o amor dos cristãos não conseguem lhe alcançar. Não consigo entender a logica de que igrejas gigantescas crescem pelo pais e que a fome não diminua, se os cristãos são os braços e pernas de Cristo, porque ainda existem tantas tragedias? Pessoas morrendo por falta de saneamento básico, garotas se prostituindo em troco de poucos reais, corrupção que não é denunciada pela bancada evangélica, lideres cristãos oprimindo e tratando seus liderados como animais de carga são a prova que infelizmente, o universalismo não é um amparado nem pela bilia e muito menos pela atitude dos cristãos, que não são capazes, mesmo depois de mais de 2000 anos de igreja, serem efetivamente um sinal pleno do reino que virá, sinais de uma vida diferente, portadores de mensagem de salvação.

Não, eu não sou universalista, não vejo como isso seria possível pelo pouco que leio a bíblia, mas o universalismo que deixa aluns amigos transtornados não me deixa tão indignado quanto a hipocrisia de cristãos que tendo a possibilidade de ser marcos de santidade preferem ficar discutindo o sexo dos anjos enquanto milhares de pessoas viver num inferno em vida, sem nem ter a esperança de um dia encontrar a Deus.