Somos todos tão críticos

Há muito tempo tenho entrado em contato com cristãos que se gabam de ser críticos. O número de pessoas é tal que não sei se as pessoas de uma forma geral estão se conscientizando ou se eu comecei a frequentar os lugares certos. Não há nada de errado em ser crítico, que fique claro: mas é necessário deixar duas coisas bem claras (1) a auto-crítica é mais que fundamental para uma crítica consciente e (2) a crítica sem fundamentação é chamada de fofoca.

critico

Porque estou dizendo isso? Cansei de encontrar pessoas que criticam estruturas e falam mal de denominações sem saber exatamente sobre o que estão falando. Desejam exterminar a Igreja Batista da Lagoinha, mas não conhecem o projeto que ressocializa e dá apoio financeiro-psicológico aos usuários de drogas lícitas e ilícitas; ou à casa que já ajudou algumas centenas de ex-protitutas a saírem de seu ramo de trabalho e ingressarem em outro; ficam extremamente irritados com a existência da Igreja Universal e seu neopentecostalismo mas não conhecem todos os envolvidos na construção de casas para moradores de rua e na distribuição de alimentos e, veja só, preservativos na África; além de detestarem toda a qualquer igreja tradicional e sua estrutura engessadora, mas não conhecem a pureza dos hinos e a manutenção de uma pregação fiel.

Não estou aqui defendendo as igrejas citadas ou contra-atacando por elas. Cada uma delas tem membros e pastores suficientes para fazê-lo por si próprios e engalfinhar nessa luta infrutífera tentando descobrir quem é mais precioso aos olhos de Deus.

O que precisamos começar a fazer é conhecer a quem criticamos e saber exatamente o que estamos criticando. Se condenamos a doutrina neopentecostal de uma igreja, por exemplo, lembremo-nos de criticar a doutrina neopentecostal da igreja. Se acreditamos que tal denominação é alienante, critiquemos a alienação operada dentro daqueles salões. Não sejamos infantis e mesquinhos a ponto de simplesmente mandá-los todos para o inferno. Não sejamos tolos e insensíveis a ponto de não nos incomodarmos com erros alheios.

Precisamos começar a pensar uns nos outros, uns pelos outros. Precisamos começar a olhar para o todo, e o único todo que nós conseguimos enxergar é o Reino de Deus. Creia você que tudo já está escrito, creia você que tudo está sendo escrito, o que importa é realizar o papel que nos foi dado: trazer a libertação e as boas novas.

Que a nossa crítica leve em conta nossos defeitos e possa, apesar de todos eles, acrescentar algo àqueles que estão precisando de um conselho. Que ao levar o evangelho e ao criticar falsos ensinamentos, manifestemos a glória e a graça da justa vontade de Deus: o amor. Sejamos irrepreensíveis – não por não termos pecado, mas por sermos justos e amorosos.

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